Escritora Clarice Lispector reclama autoria de frases na HQ "Se A Vida Fosse Como a Internet"
A escritora brasileira Clarice Lispector levanta da tumba para reivindicar as frases aleatórias que os internautas atribuem a ela na HQ "Se A Vida Fosse Como a Internet", do cartunista brasileiro Pablo Carranza, e lançada em setembro pelo selo “Beleléu”.
"Se A vida Fosse Como a Internet", de Pablo Carranza
Criticando de forma cômica, o quadrinho leva Clarice e mais histórias sobre o cotidiano em rede para as páginas do livro de forma leve e divertida. Desenhado com pincel nanquim em um “papel não muito caro, mas também não tão vagabundo”, o livro surgiu como ideia em 2010 e só saiu da teoria quando Carranza conseguiu apoio de um edital do Governo e do selo de quadrinhos independente.
Apesar de dizer em entrevista ao UOL que não é viciado em internet e não tem “celular modernoso pra ficar respondendo e-mails enquanto toma um chopp”, Carranza experimentou a web como um todo para escrever o livro de forma simples e realista.
“Quando eu estava começando sofria muito com isso. Fazia tiras sobre o Orkut e depois tive que jogar tudo fora quando ele virou passado. Depois me falavam de outro ‘brinquedo’ desses e eu ia lá me cadastrar só pra ter ideias. Só depois de apanhar muito entendi que o melhor era eu não focar em sites separadamente e sim na internet em geral”, comenta.
Os temas escolhidos por Carranza vão desde histórias mais longas, como o garoto que perde a foto da namorada nua no HD do computador e precisa enfrentar a lixeira para encontrá-la e o avô que coleciona disquetes, até tiradas rápidas sobre ortografia, citações e excesso de compartilhamento nas redes sociais.
“Muito do que eu desenho é baseado em experiências próprias. Algumas eu usei em outros personagens, como na história “Vovô Nostalgia”, em que mostro como foi meu primeiro contato com a rede. Tudo tem um pouco da minha personalidade, além de ter eu mesmo como personagem.”
O quadrinista, que diz ter escolhido a profissão após ver que seu “sonho de virar um gangster em Nova York não iria dar em nada”, demora cerca de 40 minutos para desenhar cada tira. “Desenhar é fácil, o problema é ter uma boa ideia, o que pra mim é o principal.”
Mesmo dizendo que “não tem saco para Twitter e Facebook”, as situações mostradas por Carranza no livro são típicas de quem passa muito do seu tempo na internet. Como seria a vida do autor se fosse como o livro? “Sem privacidade e sem solidão. Um saco.”
"Se A Vida Fosse Como A Internet", Pablo Carranza
Editora Beleléu
R$ 29,90
84 páginas
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