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"Esse é o meu Hamlet", diz Thiago Lacerda sobre montagem que estreia em SP em outubro

O ator Thiago Lacerda durante coletiva no Teatro Tuca nesta <a in_rurl="http://i.trkjmp.com/click?v=QlI6MjE3OTM6MzMyOnF1YXJ0YTphZTQ5ODcxMTZjYTE3OTNlNDJkYWU2NGVmMTFkN2YyNTp6LTEwNjMtMTUyMjk6cHVibGljYWRvci5pbnRyYW5ldDoxNjE2NDppbWFnZV9vbmx5" href="#" style="text-decoration:underline" id="_GPLITA_0" title="Click to Continue &gt; by Text-Enhance">quarta</a>-feira (10/10/12), quando conversou sobre a montagem de "Hamlet" - Thiago Duran/AgNews
O ator Thiago Lacerda durante coletiva no Teatro Tuca nesta <a in_rurl="http://i.trkjmp.com/click?v=QlI6MjE3OTM6MzMyOnF1YXJ0YTphZTQ5ODcxMTZjYTE3OTNlNDJkYWU2NGVmMTFkN2YyNTp6LTEwNjMtMTUyMjk6cHVibGljYWRvci5pbnRyYW5ldDoxNjE2NDppbWFnZV9vbmx5" href="#" style="text-decoration:underline" id="_GPLITA_0" title="Click to Continue &gt; by Text-Enhance">quarta</a>-feira (10/10/12), quando conversou sobre a montagem de "Hamlet" Imagem: Thiago Duran/AgNews

Mariana Pasini

Do UOL, em São Paulo

10/10/2012 13h59

O ator Thiago Lacerda se preocupou em criar seu próprio Hamlet para a montagem da peça de William Shakespeare que estreia em São Paulo no próximo dia 19.

"Esse Hamlet é o meu Hamlet", disse Lacerda durante coletiva realizada nesta quarta-feira (10) no Teatro TUCA, no bairro paulistano das Perdizes, onde a encenação será montada. "O Hamlet que a gente vai fazer é um somatório de encontros, de ideias. Conheço a peça, o personagem, já vi vários de atores fazendo esse texto. Mas independente das referências, a minha única ideia é me manter íntegro ao que eu sinto." É a primeira vez que o carioca vive um personagem do dramaturgo inglês.

Na composição do personagem, que na opinião de Lacerda é o "mais famoso e o mais intenso" da dramaturgia, o ator buscou se ater ao simples, seguindo as orientações do diretor, o brasileiro Ron Daniels. "Existe uma forma simples de alcançar esse personagem, e essa tem sido a minha busca. O que mais me intriga é essa capacidade imaginativa do Hamlet e essa consciência intelectual que o leva à paralisia física. "

Thiago Duran/AgNews
O que mais me intriga é essa capacidade imaginativa do Hamlet e essa consciência intelectual que o leva à paralisia física. A grande cilada é que talvez ele seja impossível [de fazer], tamanha a quantidade de caminhos que oferece.

Thiago Lacerda, ator, que exibiu o moicano que usará em "Hamlet" durante coletiva

Lacerda não nega, porém, que tenha enfrentado alguma dificuldade para viver o príncipe levado à loucura após a morte do pai. Ela ocorreu principalmente devido às muitas possibilidades que a criação de Shakespeare oferece. "A grande cilada desse personagem é que talvez ele seja impossível [de fazer], tamanha a quantidade de portas e de caminhos que oferece."

O ator planeja usar um moicano durante as encenações - inclusive, estava ostentando um, feito por ele mesmo, durante o evento nesta quarta. "Essa é um pouco a ideia estética, para mim. Gosto de brincar com o meu corpo a partir do que penso dos personagens, e gosto de pensar na ideia que, durante o luto, no auge do seu sofrimento, o personagem se mutilou de alguma forma."

Lacerda avalia que cortar o próprio cabelo envolve também um processo de desapego. "Não é uma parte qualquer do corpo. Esse desapego estético e espiritual faz parte da maneira como eu quero encontrar as ideias da peça."

Sem medo da comparação
Lacerda conferiu a montagem de "Hamlet" quando Wagner Moura interpretou o personagem em 2008. Porém, o ator diz não temer ser comparado ao colega. "A comparação é inevitável, as pessoas vivem disso, mas é o menos importante. A experiência artística precisa ser oferecida ao público."

Para ele, não interessa qual montagem é a melhor. "É só mais uma montagem. A nossa é só mais uma montagem. Não acho que seja importante lembrar de outras."

O intérprete de Hamlet nega ter escolhido atuar no teatro para se afastar do estereótipo do galã. "Eu estou lá [na TV] também. Mas gente precisa dar respiro do público da gente, se não cansa. E o teatro é um respiro para eles e para a gente [atores]." Sua última atuação em novelas foi durante "A Vida da Gente", na qual interpretou o médico Lúcio.

Neste ponto da sua carreira, Lacerda não procura mais "qualquer personagem". "Que sejam personagens maravilhosos, porque se não forem, eu não topo; não posso topar algo que não seja à altura do Hamlet. E essa é uma questão - eis a questão!", brincou.

  • Thiago Duran/AgNews

    Parte do elenco de "Hamlet". Da esquerda para a direita: Roney Facchini (Polônio), Antonio Petrin (Fantasma do Rei), Anna Guilhermina (Ofélia), Thiago Lacerda (Hamlet) e Eduardo Semerjian (Cláudio)

Um Hamlet fiel e "abrasileirado"
Não é o primeiro Hamlet nem o primeiro Shakespeare do diretor Ron Daniels – por quinze anos, ele foi diretor artístico do teatro The Other Place da Royal Shakespeare Company em Stratford-upon-Avon (cidade natal do dramaturgo). Nessa montagem, porém, Daniels foi responsável pela tradução do texto original, ao qual procurou se ater de forma fiel, mas com uma linguagem mais simples, despojada e "gostosa".

"Busquei um texto que permitisse à plateia conhecer a peça por de dentro, saber o que Shakespeare estava dizendo, como se fosse uma peça completamente nova, inédita e brasileira."

Daniels, no entanto, não quis revelar muitos detalhes sobre o cenário e o visual da montagem: afirmou apenas que não serão realistas. "Imaginem um local entre o céu e a Terra, e uma cama nesse local. Não digo mais nada."

Na trama, Hamlet é o filho do Rei da Dinamarca, que morre misteriosamente. Seu fantasma passa a assombrar o príncipe, pedindo que o vingue. Depois que Cláudio, tio de Hamlet, casa-se com Gertrudes, a mãe do príncipe, cresce a desconfiança no personagem-título de que tenha sido ele o assassino do Rei.

Busquei um texto que permitisse à plateia conhecer a peça por de dentro, saber o que Shakespeare estava dizendo, como se fosse uma peça completamente nova, inédita e brasileira.

Ron Daniels, diretor

Antonio Petrin, que vive o fantasma, definiu a proposta de Ron como um drama familiar. "E quem não conhece essa tragédia?", pergunta. Para o ator, a peça tem uma dimensão de personagens extraordinária. "Apoderar-se dessa dimensão é o grande desafio."

Para a atriz Anna Guilhermina, intérprete de Ofélia (pretendente de Hamlet), as orientações de Ron Daniels foram importantes para que ela se ativesse ao mais simples. "Ele me falou assim: 'Eu faço o pão'. Ele vai para uma simplicidade que vai dando a medida."

A encenação contará também com atores como Eduardo Semerjian (Cláudio) e Roney Facchini (Polônio). O público poderá conferi-la às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 19h, com ingressos variando entre R$ 40 e R$ 60. A temporada vai até 16 de dezembro.

Serviço
"Hamlet"
Quando: 19 de outubro a 16 de dezembro (9 semanas). Sextas e sábados às 21h, domingos às 19h.
Onde: TUCA - Rua: Monte Alegre, 1024 - Perdizes – São Paulo – SP
Quanto: R$ 40 (sextas), R$ 60 (sábado), R$ 50 (domingos). Valores de entrada inteira
Capacidade: 672 lugares
Pontos de venda:
- Tel: (11) 4003-1212
- Site: www.ingressorapido.com.br
- Bilheteria: terça a domingo das 14h às 20h
Mais informações: www.teatrotuca.com.br