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"Não estamos dizendo: 'Sinta-se à vontade para se matar'", diz Assunção em estreia na direção

Ao lado dos atores Cacá Amaral (White) (esq.) e Guilherme Sant"Anna (Black) (dir.), Fábio Assunção lança o espetáculo "O Expresso Pôr do Sol", em São Paulo (24/8/12)  - Manuela Scarpa/ Foto Rio News
Ao lado dos atores Cacá Amaral (White) (esq.) e Guilherme Sant'Anna (Black) (dir.), Fábio Assunção lança o espetáculo "O Expresso Pôr do Sol", em São Paulo (24/8/12) Imagem: Manuela Scarpa/ Foto Rio News

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

24/08/2012 17h14

Suicídio, morte e religião são os temas abordados no espetáculo "O Expresso do Pôr do Sol", que marca a estreia do ator Fábio Assunção na direção teatral. Em entrevista para a imprensa realizada nesta sexta (24), Assunção comentou a produção do espetáculo ao lado dos protagonistas Guilherme Sant’Anna (que interpreta o evangélico Black) e Cacá Amaral (ator que interpreta o ateu White).

Todo mundo tem o direito de cometer suicídio. Sou a favor da vida, mas compreendo as razões que levam uma pessoa a querer se matar

Cacá Amaral

“Não estamos dizendo: ‘sinta-se à vontade para se matar’, muito ao contrário. Mas não modificamos nada no texto para preservar o público. Se alguém se levantar e quiser ir embora, rejeitar a discussão, é algo externo à gente”, explicou Assunção.

O espetáculo, escrito pelo autor americano e vencedor do prêmio Pullitzer, Cormac McCarthy, foi adaptado para o teatro por Maria Adelaide Amaral, e tem sua primeira versão brasileira. A trama envolve o público em uma discussão de vida ou morte, em que o evangélico Black tenta convencer o ateu White a não cometer suicídio.  

Um dos momentos interessantes do encontro foi quando o ator Cacá levantou a discussão da peça dizendo que “todo mundo tem o direito de cometer suicídio”. “O meu pai e minha avó cometeram suicídio. Não defendo, sou a favor da vida, mas compreendo as razões que levam uma pessoa a querer se matar”, justifica. 

Para Assunção, a peça reflete o comportamento contemporâneo das pessoas na internet. "Eu gosto muito do Facebook. Adoro as pessoas de lá. O que eu escrevo, o que as pessoas escrevem. Mas acho que cada vez mais as pessoas estão abandonando o real e indo para o virtual. Estamos cada vez menos atentos às coisas que estão morrendo. E a peça trata disso." 

Mais sobre "O Expresso do Pôr do Sol" 

“O Expresso do Pôr do Sol” foi publicado por Cormac McCarthy em 2006 e lançado no mesmo ano no teatro em adaptação de sucesso produzida pela companhia de teatro americana Steppenwolf. O texto ganhou filme para a TV produzido pelo ator Tommy Lee Jones, que também fez o papel de White, e Samuel L. Jackson no papel de Black.

Entenda a história

Em “O Expresso do Pôr do Sol”, dois homens fechados em um apartamento do subúrbio da costa oeste americana debatem o valor da vida e da existência.

O debate começa depois que o professor ateu White revela que pretende cometer suicídio se jogando na frente de um trem da linha Sunset Limited, que liga Nova Orleans a Los Angeles.

Para impedi-lo, o ex-presidiário evangélico Black tenta argumentar a favor da vida.

McCarthy é famoso por seu trabalho com literatura de ficção, além de “The Sunset Limited” (versão em inglês de “O Expresso do Pôr do Sol”), escrita em 2006, lançou livros como “The Road” e “No Country For Old Men”. O último, adaptado para o cinema como “Onde Os Fracos Não Tem Vez” com Josh Brolin e Javier Bardem nos papeis principais. 

"O Expresso do Pôr do Sol" estreia no dia 2 de setembro em São Paulo, no Tuca Arena, em Perdizes. A temporada será realizada até 25 de novembro e as apresentações acontecem às sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h30.


"O Expresso do Pôr do Sol"
Estreia em 2 de setembro
Onde: Tuca Arena (Rua Monte Alegre, 1024 - Perdizes. Entrada pela Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1024). 
Quando: até 25 de novembro com apresentações às sextas e sábados, às 21h e domingos às 19h30.
Ingressos: R$ 40 (sábado), R$ 50 (sábado e domingo). Já podem ser comprados no site da Ingresso Rápido