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Bienal apresenta livros animados e de realidade aumentada para fisgar leitores do século 21

Livro interativo de poesia infantil do Olavo Bilac é um dos destaques da 22ª Bienal Internacional do Livro - Leonardo Soares/UOL
Livro interativo de poesia infantil do Olavo Bilac é um dos destaques da 22ª Bienal Internacional do Livro Imagem: Leonardo Soares/UOL

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

18/08/2012 11h00

Dependendo da esquina que se vira entre os estandes da Bienal, o visitante pode ouvir expositores falando sobre criptografia, programação, realidade aumentada e plataformas de distribuição de conteúdo digital. Esse discurso, que parece mais ser do Vale do Silício do que de uma feira literária, mostra as tentativas da indústria de chegar no leitor que já nasceu com internet no berço.

A tarefa de reinventar o livro não é difícil, afinal nesse companheiro de milênios do ser humano já foi até chamado nesta Bienal de "o objeto mais perfeito da história da humanidade". As empresas apostam em formas de tornar o livro mais atraente e mais fácil de ser distribuído. Fator importante em um país como o Brasil, que possui cerca de 5,5 mil municípios e apenas 3,5 mil livrarias.

Uma das principais frentes dessa batalha é a dos livros interativos, como a plataforma BookSet de livros animados. O protótipo do formato pode ser visto na Bienal, mostrando a obra "Poesias Infantis", de Olavo Bilac, que traz sons e animações a cada página virada através de um sensor de movimento.

"Nossa proposta é adaptar o livro para o leitor do século 21", falou ao UOL Roberto Calderon da Futurelabs, empresa que desenvolveu o formato junto da Book Partners. "Criamos uma plataforma criptografada na qual as obras ficam protegidas pelo detentor do acervo, mas podem ser distribuídas de diferentes formas".

A BookSet está em sua primeira fase, direcionada para instituições de ensino. A ideia é criar uma biblioteca virtual na qual os livros podem ser "alugados" para alunos, como uma espécie de "Apple Store do ensino". Em um segundo estágio, o BookSet deve ser distribuído ao público em geral. Assim, obras animadas como "Poesias Infantis" poderão ser vistas em aparelhos diversos como computadores, tablets e smartphones.

Outra novidade na qual a companhia aposta são os livros com funções de realidade aumentada. O protótipo em exposição é o da obra medieval de Alexandre Herculano "A Dama Pé de Cabra". Cada página do livro possui um leitor que é detectado por um sensor e cria imagens animadas em uma tela para cada página virada no livro físico.

"A Bienal é um espelho do mercado, portanto acaba captando essas novidades", falou ao UOL Bernardo Gurbanov, vice presidente da Câmara Brasileira do Livro, organizadora do evento. "Existe uma ideia de que as tecnologias chegaram para distrair as pessoas da leitura, mas elas estimulam a criação literária, criação coletiva e dá espaço a escritores em formação. A verdade é que nunca se leu tanto como com elas".