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Sucesso no exterior, e-books começam a migrar dos computadores para o papel no Brasil

Estande da Íntrinseca na Bienal: editora precisou imprimir mais 150 mil unidades de "Cinquenta Tons de Cinza" para atender à demanda no Brasil (9/8/12) - Guilherme Solari/UOL
Estande da Íntrinseca na Bienal: editora precisou imprimir mais 150 mil unidades de "Cinquenta Tons de Cinza" para atender à demanda no Brasil (9/8/12) Imagem: Guilherme Solari/UOL

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

17/08/2012 15h35

Livros que vendem milhões de exemplares sem sequer existir em formato físico é um fenômeno cada vez mais comum e muitos deles acabam se tornando fenômenos editoriais também em papel. O maior expoente disso é “Cinquenta Tons de Cinza” (Intrínseca), que no Brasil já esgotou sua tiragem impressa original de 200 mil livros. O título foi inicialmente publicado como e-book pela autora e com impressão sob demanda e explodiu em vendas até antes de ter a distribuição adquirida pela Vintage Books.

A editora disse ao UOL que vai imprimir outras 150 mil unidades do livro de E. L. James e prevê uma impressão inicial de 300 mil livros para os próximos títulos da trilogia, “Cinquenta Tons mais Escuros” e “Cinquenta Tons de Liberdade”. O primeiro livro vendeu mais de 10 milhões de exemplares em um mês e meio no exterior e a autora chegou a ser considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.

A próxima aposta da editora no segmento será a série de ficção científica “The Wool”, de Hugh Howey. Publicada originalmente como um conto pelo próprio autor em 2011, a história pós-apocalíptica chegou na primeira posição nas antologias de ficção científica na loja do Kindle, o leitor digital da Amazon.

Mais raro, o fenômeno de livros que fazem a viagem dos computadores para as livrarias existe também no Brasil. Talvez o caso mais notável seja de “Batalha do Apocalipse”, de Eduardo Spohr. Apesar de começar impresso - com uma tímida tiragem de 70 cópias - o sucesso do livro sucesso foi impulsionado pela propaganda “tecla a tecla” pelas redes sociais até vender milhares de unidades de forma independente e eventualmente ser acolhido por uma grande editora, a Record.

Leitores digitais no Brasil

Um dos maiores empecilhos para a disseminação de livros eletrônicos no Brasil é a falta de leitores dedicados como o iPad, Kindle e Nook. A situação promete mudar com a chegada em terras nacionais da Amazon e da Apple, dois gigantes da distribuição de e-books. A Amazon revelou que quer começar suas operações no Brasil ainda no segundo semestre e a empresa fundada por Steve Jobs também já enviou executivos para sondar o país.

O grande desafio dessas empresas será conseguir a adesão das grandes editoras nacionais, que ainda veem o formato com suspeita. Os leitores digitais também prometem ajudar na autopublicação de escritores iniciantes e possibilitar que fenômenos editoriais do tipo se tornem cada vez mais comuns.