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Flip discute o trabalho do "escritor no exílio"

O escritor americano Teju Cole, autor de "Cidade Aberta" (5/7/12) - Adriano Vizoni/Folhapress
O escritor americano Teju Cole, autor de "Cidade Aberta" (5/7/12) Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Mauricio Stycer

Do UOL, em Parati

06/07/2012 16h53

Ser estrangeiro é um ponto de vista privilegiado para quem faz literatura? A pergunta de João Paulo Cuenca orientou uma boa discussão no início da tarde na Flip entre os escritores Paloma Vidal, argentina vivendo no Brasil, e Teju Cole, filho de nigerianos “exilado” em Nova York.

“Vim para o Brasil com 2 anos. As pessoas dizem: ´É mais brasileira que argentina´. Não é. O exílio é uma liberdade, mas ao mesmo tempo uma forma de aprisionamento”, disse Paloma, cuja obra, “Mais ao Sul”, também descreve uma experiência de vida em Los Angeles, onde morou por um período.

A experiência do “exílio” para o nigeriano está relatada no recém-lançado no Brasil “Cidade Aberta”. “Fora de casa você precisa descrever melhor as coisas, tanto o seu lugar de origem quanto o novo lugar. Isso é bom para quem escreve”, disse. “Moro em Nova York há doze anos e não naturalizo a cidade”.

O “flaneur do século 21”, provocou Cuenca, é muito diferente do “flauneur” do século 19?  “Você não tem o consolo do lar, mas não tem por outro lado a responsabilidade do lar. O tempo é seu e você pode desperdiçá-lo como quiser”, respondeu Cole.

“A literatura melhora muito a realidade”, disse Paloma, falando da sua experiência como estrangeira. “A cidade que você constrói com liberdade na ficção ganha feições próprias”.