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"Muitos passaram a me odiar", diz Jonathan Franzen sobre ter sido capa da revista "Time"

O escritor Jonathan Franzen, um dos convidados da Flip 2012 - Divulgação
O escritor Jonathan Franzen, um dos convidados da Flip 2012 Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em Paraty (RJ)

05/07/2012 21h52

O escritor norte-americano Jonathan Franzen, um dos principais convidados da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), chegou à entrevista coletiva falando de sua outra paixão: as aves. Ornitólogo e observador de pássaros, Franzen disse que conheceu um grupo que luta para a preservação das aves no Rio de Janeiro e elogiou Paraty. "O Rio é muito bonito. Ele me lembra Chicago, mas ainda mais bonito", brincou.

O americano também contou como foram os dias logo após ter sido capa da revista "Time", em agosto de 2010, em reportagem intitulada "O Grande Romancista Americano". "Na semana anterior, eu estava na Bolívia e quando aterrissei em Miami, muitas pessoas passaram a me odiar. Se eu fosse outra pessoa, iria me odiar também. Os escritores são muitos invejosos e competitivos", disse.

Franzen falou também sobre a relação de amor que tem com seus personagens e o papel da literatura num mundo de pessoas tão ocupadas. Franzem afirmou que é um problema quando não gosta de seus personagens. "Tenho que parar e pensar por dias até descobrir por que não gosto de algum deles", disse ele. Ele conta que uma vez, odiava um personagem, que era um jovem republicano, e teve de tortura-lo um pouco para poder gostar dele novamente.


Sobre a função da literatura, Franzen disse que os livros podem servir à política ou ao leitor. "Eu prefiro sempre servir ao leitor. Por muito tempo eu não tinha resposta para a função social da literatura, mas acho que ela pode fazer com que as pessoas tenham mais ptempo para elas mesmas. Você não tem que gastar muito tempo com você mesmo se não quiser. Sempre tem algo no Facebook ou no Twitter para ler. Acho que a literatura preserva um espaço onde a pessoa ainda pode ser humana", disse ele.

Franzen terá uma mesa só dele nesta sexta-feira (6), em que falará mais sobre suas obras e sobre a literatura. Sua última obra, "Como Ficar Sozinho", foi lançado no Brasil no final de junho. O escritor, no entanto, deixou claro que não gosta muito de ser o centro das atenções. "Minha vida é evitar chamar a atenção. Vocês sabem, estou sempre procurando aves".

Obra: "Como Ficar Sozinho"
Autor: Jonathan Franzen
Editora: Companhia das Letras (lançamento: 29/6)
Páginas: 336
Preço: R$ 46,00

O que é: Uma coleção de artigos, muitos deles publicados na revista “New Yorker”. A partir de experiências pessoais, Franzen fala de suicídio, solidão, demência senil, invasão de privacidade, sistema penal americano e literatura.

Por que ler: O vencedor do National Book Award pela obra “As Correções” (2001), Jonathan Franzen é um dos autores mais aclamados dos últimos tempos. Em agosto de 2010, foi capa da revista "Time" em reportagem intitulada "O Grande Romancista Americano". "Liberdade", de 2010, o consagrou de vez. Com olhar crítico, Franzen fala dos desejos, angústias e frustrações da classe média norte-americana. Na Flip, ele terá uma mesa só dele, batizada de "Encontro com Jonathan Franzen".

Outras obras: "As Correções" (2001), "Liberdade" (2011), "Tremor" (2012).