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Tímido confesso, Luis Fernando Verissimo quer que participação na Flip seja rápida e indolor

Luis Fernando Verissimo fará abertura da 10ª edição da Flip nesta quarta-feira (4/7/12) - Mateus Bruxel/Folhapress
Luis Fernando Verissimo fará abertura da 10ª edição da Flip nesta quarta-feira (4/7/12) Imagem: Mateus Bruxel/Folhapress

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

04/07/2012 07h00

Luis Fernando Verissimo não gosta de ser o centro das atenções e acha que é sempre terrível falar em público, mas nesta quarta-feira (4) ele terá que enfrentar seus temores. Convidado para abrir a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que se realiza até o dia 8 de julho na cidade histórica fluminense, Verissimo dará seu testemunho sobre os desafios de ser escritor no Brasil. “Vou tomar um Isordil antes (medicamento para tratar insuficiência cardíaca). Será curto e, espero, indolor”, diz ele em entrevista, por e-mail, ao UOL, acrescentando que seu discurso terá poucas palavras. “As palestras importantes vêm depois”.

O gaúcho só passou por cima de tanto desconforto porque se sentiu honrado ao ser escolhido para abrir um evento de literatura internacional que chega à sua 10ª edição. “Aceitei por simpatia pelo evento e porque não deixa de ser uma honra. Principalmente numa Flip cheia de feras como esta”, diz ele. E uma das feras que Verissimo quer ver este ano é o ensaísta Sthephen Greenblatt, que falará sobre Shakespeare com James Shapiro, na sexta-feira (6), às 12h.

Sempre haverá a necessidade de um escritor para fazer o texto. Ou pelo menos até que os computadores comecem a escrever sozinhos

Luis Fernando Verissimo, sobre futuro da literatura

Para o curador da festa, Miguel Conde, Verissimo pode não ser uma das pessoas mais eloquentes, mas certamente é um dos maiores escritores brasileiros. “É um dos mais queridos também. Desde o começo, ele sempre foi um autor muito presente e que deu muito apoio à festa. Quando pensamos nas comemorações dos 10 anos da Flip, que é uma marca significativa, queríamos que, de alguma forma, ele fizesse parte disso”, disse Conde em entrevista ao programa “Metrópolis”, da TV Cultura. Verissimo já esteve em quatro (2003, 2004, 2005, 2008) das nove edições da Flip, cinco com a deste ano.

Adiantando um pouco o tema que será abordado na abertura do evento, Verissimo diz que ser escritor profissional no Brasil, em tempo integral, continua sendo uma profissão de poucos. “Mas ao mesmo tempo aumentam as oportunidades para um escritor ser publicado, por editoras pequenas ou por ele mesmo. Por isso, paradoxalmente, é uma atividade que oferece pouca recompensa, mas cresce”, diz. E, por ser uma atividade em ascensão, o escritor acredita que o futuro da escrita não esteja ameaçado. “Sempre haverá a necessidade de um escritor para fazer o texto. Ou pelo menos até que os computadores comecem a escrever sozinhos”.

Prestes a fazer 76 anos, Verissimo, que tem mais de 60 títulos publicados, tem planos para se aposentar, mas garante que isso não é para agora. Além de continuar a ter textos publicados nos jornais “O Globo”, “O Estado de São Paulo” e “Zero Hora”, um novo livro de crônicas também vem por aí. Intitulada “Diálogos Impossíveis”, a obra deve ser lançada até o final deste ano. No final de 2011, Verissimo lançou dois livros, “Em algum Lugar do Paraíso”, com crônicas publicadas nos últimos cinco anos, e “Ed Mort”, que reúne todas as histórias do detetive tupiniquim. Saxofonista desde a década de 50, Verissimo também pretende lançar mais um CD com sua banda Jazz 6, que é considerado "o menor sexteto do mundo" por contar apenas com cinco integrantes.

Fora do evento o que melhor se faz em Paraty é comer e tentar não tropeçar no calçamento

Luis Fernando Verissimo, sobre diversão durante a Flip

Quem for à Flip poderá cruzar com o escritor nas ruelas de pedra. O escritor, sempre acompanhado da mulher, Lúcia, ficará os quatro dias em Paraty, “tentando ver tudo”. Além da abertura, Verissimo também participará da Flipinha, em que responderá as perguntas da garotada. Fora os compromissos, ele também quer se divertir um pouco durante a estadia na cidade fluminense. “Fora do evento o que melhor se faz em Paraty é comer e tentar não tropeçar no calçamento”.