25 anos depois de "A Estrela Dalva", Marília Pêra encena musical sobre 2º casamento de Herivelto

Vinte e cinco anos após interpretar Dalva Oliveira na peça “A Estrela Dalva”, Marília Pêra voltará aos palcos no monólogo-musical “Herivelto Como Conheci”, espetáculo que vai contar e cantar, em prosa e verso, a história de amor de Herivelto e Lurdes, segunda mulher do cantor e compositor. Baseada no livro homônimo de Cacau Hygino e Yaçanã Martins, filha de Herivelto e Lurdes, a peça reúne correspondências trocadas entre o músico e sua segunda mulher, entre 1947 e 1949, e é parte das comemorações do centenário do artista. “Eu sou a verdadeira mulher do Herivelto”, brincou a atriz, durante apresentação da peça para a imprensa, nesta segunda (25), ao lado do diretor Cláudio Botelho. O espetáculo entra em cartaz a partir desta quinta (28), no Theatro Net Rio, na zona sul carioca.

No palco, Marília é acompanhada por dois músicos e dá voz a 22 composições de Herivelto, entre elas “Caminhemos”, “Ave Maria do Morro”, “Atiraste Uma Pedra” e “Dois Corações”, entre outras. A atriz volta aos palcos após um hiato de quatro anos. “Comecei muito cedinho no teatro. Fazia às vezes de duas a três peças por ano. Mas a última peça que fiz foi há quatro anos. Deixei de fazer teatro por um tempinho”, contou Marília.

A atriz, que recentemente deu vida à Maruschka de “Aquele Beijo”, afirmou que estava sentido muita falta da autonomia que o artista tem no teatro. “Só faço o que o Cláudio Botelho [diretor] manda, mas quando a cortina se abre é o artista e a plateia. Na televisão e no cinema, é muita gente mandando em você”, analisou.

Marília contou que conheceu Herivelto e Lurdes após se apresentar no espetáculo. “Ele a Lurdes foram falar comigo depois do espetáculo. E comecei a frequentar a casa deles na Urca. Eles eram espiritualistas e, todas as vezes em que estivemos juntos, eles me passaram energias boas”, lembrou. A atriz afirmou que não quis assistir à minissérie “Dalva e Herivelto”, exibida em janeiro de 2010 na Globo. “Não assisti porque na época de ‘A Estrela Dalva’ fiz um mergulho tão grande nesse universo musical do Herivelto que não fazia sentido ver a Dalva ser interpretada por outra pessoa”, explicou.

A atriz ainda comentou sobre o triângulo amoroso entre Dalva, Herivelto e Lurdes. “As pessoas tratam muito como um triângulo amoroso, mas na minha opinião, acho que houve um quinteto: a Dalva, o Herivelto, a Lurdes, a imprensa e a opinião pública”, argumentou. Extremamente magra, Marília contou que perdeu quatro quilos depois que “Aquele Beijo” terminou. “Fazer TV engorda. Nos intervalos a gente pede um pãozinho de queijo, toma um cafezinho com chocolate”, justificou ela, que mede 1,60m e pesa 47 quilos.

Marília afirmou que não come carne e que tem o costume de caminhar.  “Há muito tempo não como bicho, evito comer alguma coisa que morreu. Substituo a carne pela soja e de manhã tomo um sucão, feito na centrífuga. Também tenho o hábito de caminhar com meu marido. Eu e o Bruno chegamos a fazer 15km de caminhada. Gosto de trotar", ensinou.

"Perdi meu pai e minha mãe em dois anos", contou Yaçanã Martins

Yaçanã Martins contou que a ideia do livro surgiu depois que ela notou que guardava vários objetos e cartas dos pais em casa. “Tenho na minha casa tudo o que ninguém queria guardar. As pessoas me diziam: ‘você é louca. Joga isso fora’. Mas não tinha coragem de jogar nada fora. Perdi meu pai e minha mãe em dois anos. Aquilo tudo era uma parte de mim que eu não sabia o que fazer”, contou.

Ela afirmou que só “ressuscitou” as cartas trocadas entre Herivelto e Lurdes quando soube da minissérie “Dalva e Herivelto”. “Entreguei as cartas para a Maria Adelaide Amaral [autora] e minha mãe virou personagem. Porque antes lia as cartas e ficava constrangida, tinha vergonha de entrar na intimidade dos meus pais. A grande verdade é que pai e mãe não têm intimidade [risos]. Depois da minissérie, a Maria Adelaide me disse: ‘faça um livro, mostra o amor de Lurdes e Herivelto’”, contou.

Cacau Hygino contou que logo depois da minissérie eles fizeram o livro. “Fizemos em dez dias. Aí este ano, em que se comemora o centenário de Herivelto, pensamos: ‘o que vamos fazer, vai passar em branco?’ Aí resolvemos levar essa ideia do livro para o teatro. E aí, quem fazer? Como eu acho a Marília a maior atriz brasileira e tenho uma relação de amizade com ela, nós a convidamos”, lembrou.

Com Marília Pêra escalada para o monólogo foi a vez de Cláudio Botelho entrar na história. “Eu me ofereci para dirigir. Estamos vendo uma Marília no seu esplendor vocal. Com muita vida nas canções e muita entrega nas letras”, elogiou.

Após a temporada no Rio, “Herivelto Como Conheci” ficará em cartaz em São Paulo, em setembro, e fará uma temporada em Portugal, em dezembro.

HERIVELTO COMO CONHECI
Onde: Theatro Net Rio (Sala Tereza Raquel – Rua Siqueira Campos, 143, sobreloja, Copacabana – Shopping Cidade Copacabana)
Quando: de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h (temporada: de 28 de junho a 22 de julho)
Quanto: de R$100 a R$150 (site: www.theatronetrio.com.br; vendas: www.ingressorapido.com)