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Humorista do "Pânico" que esnobou teatro volta aos palcos: "Quem não muda de opinião é burro"

O ator Eduardo Sterblitch se prepara para a maquiagem que usará na peça "A Velha", que estreia em 4 de junho - Divulgação
O ator Eduardo Sterblitch se prepara para a maquiagem que usará na peça "A Velha", que estreia em 4 de junho Imagem: Divulgação

Mariana Pasini

Do UOL, em São Paulo

30/05/2012 15h19

"Não tem muita explicação, na verdade”, resume o ator Eduardo Sterblitch. Conhecido pelos personagens Freddie Mercury Prateado e César Polvilho do programa Pânico, ele está prestes a lançar a peça “A Velha”, em São Paulo, alguns meses após declarar que não acreditava mais no teatro e que o público que o assistia era burro. Sua última peça, "Minhas Sinceras Desculpas", havia saído de cartaz no final de 2011.

“Na verdade, assim, eu sou jovem. Todo jovem se contradiz muito e eu não tenho preocupação nenhuma em me contradizer, até porque eu acho que o ser humano que não muda de opinião é burro”, disse o ator ao UOL. Sterblitch garante que não ganhará um centavo com a peça, à qual se dedica por amor ao teatro – o qual vem acompanhado, invariavelmente, de algum ódio.

“Como o amor e o ódio são muito próximos, e como eu acho que o público é ingrato como eles também acham que eu sou ingrato, fica uma relação bacana, engraçada. É no mínimo engraçada.”

Na peça, maquiado e vestido a caráter, Sterblitch interpreta uma senhora de 180 anos que perdeu a alegria de viver. Narcoléptica, ela desfia suas loucuras e histórias, acompanhada no palco por um porco. O texto é do próprio Sterblitch e o argumento foi desenvolvido com dois amigos. “Ela é comédia porque o público vai determiná-la como uma coisa engraçada, mas na verdade é uma coisa triste, melancólica”, avisa o ator. A estreia será em São Paulo no dia 4 de junho, no Teatro Abril. Serão quatro apresentações, sempre às segundas-feiras.

Sterblitch conta que a curiosidade em relação aos avós e bisavós foi um dos motivadores do projeto. “Sou muito fissurado por histórias, experiências de vida. Tenho muita curiosidade, fico muito interessado na vida deles, nas memórias que eles me passam. São histórias muito engraçadas e bonitas”. A "velha" que ele interpreta, porém, não é algum parente seu: é uma mistura de várias velhas. “Minhas avós e bisavós serviram de inspiração porque estão mais próximas, mas a velha da peça não tem nada a ver com elas.”

Haverá algo em comum entre o trabalho do ator no humorístico da TV e o palco: “O ‘Pânico’ é um programa que me dá muita liberdade editorial, então é muito parecido com o trabalho que eu tenho em teatro: faço meio que o que quero”. O ator garante que a peça também contará com uma boa variedade de estilos de humor, indo do clássico ao negro, passando até pelo escatológico e o pastelão.

E por falar em Pânico, Sterblitch não esconde a alegria em relação à nova fase do programa, agora na Band. “Os nossos chefes se preocupam mais e querem saber como a gente está, pessoal e profissionalmente falando. Eles cumprimentam a gente, como não acontecia, no meu caso, por exemplo, na RedeTV! Eu acho que tem bastante coisa para acontecer ainda.”

Chateado
Sterblitch não nega que estava mesmo magoado quando deu as polêmicas declarações sobre o teatro – e nem garante que os bons ventos serão eternos. “Naquele momento, naquele estágio da minha vida profissional, eu realmente estava bem chateado com o teatro. Pode ser que eu volte com essa ideia e tudo.”

O humorista defende que, por trás das declarações, havia motivos nobres. “As entrevistas que eu dei sobre desistência, teatro e a incapacidade do público de entender uma peça eram mesmo, quase 90%, de uma provocação ambígua, de provocar realmente. Deixá-lo [o público] ativo, criar um debate, e as pessoas pensarem se realmente elas gostam ou não gostam [do teatro].”

Como ele mesmo diz, porém, era “meio impossível” não voltar aos palcos. “Eu entendo o teatro, eu sei teatro, eu gosto de fazer teatro, eu estudo teatro. É uma coisa que eu faço há muito tempo, desde os 3 anos de idade, que está bem entranhada no meu espírito.”

O veredicto final, Sterblitch diz, ele vai confiar ao público. “Eu faço mesmo porque eu quero e porque eu me importo. Quem define se é bom ou se é ruim, se é engraçado ou não, é o público, não sou eu.”


Serviço
A Velha
Quando:
4, 11, 18 e 25 de junho de 2012, às 21h
Onde: Teatro Abril - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista
Quanto: Camarote R$ 150,00 (inteira) R$ 75,00 (meia)
Plateia VIP R$ 120,00 (inteira), R$ 60,00 (meia)
Plateia A R$ 100,00 (inteira), R$ 60,00 (meia)
Plateia B R$ 70,00 (inteira), R$ 35,00 (meia)
Balcão A R$ 70,00 (inteira), R$ 35,00 (meia)
Balcão B R$ 70,00 (inteira), R$ 35,00 (meia)
Estrutura: 1533 lugares. O teatro não possui estacionamento próprio. 16 assentos para deficientes físicos e 11 para pessoas obesas
Classificação etária indicativa: Não é permitida a entrada de menores de 12 anos; 12 e 13 anos: permitida a entrada (acompanhados dos pais ou responsáveis legais). 14 anos em diante: permitida a entrada (desacompanhados)
Vendas pela internet: www.ticketsforfun.com.br