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Autor de "Um Homem de Sorte", Nicholas Sparks diz que Zac Efron é perfeito para o papel

O escritor Nicholas Sparks na pré-estreia do filme "Um Homem de Sorte" em Berlim (25/4/12) - Joerg Carstensen/EFE
O escritor Nicholas Sparks na pré-estreia do filme "Um Homem de Sorte" em Berlim (25/4/12) Imagem: Joerg Carstensen/EFE

Do UOL

06/05/2012 07h00

Ele é um sucesso nas livrarias – com sua fórmula de romances em que os protagonistas passam por grandes mudanças por conta do amor, emplacou best-sellers como “Diário de uma Paixão”, “Um Amor para Recordar”, “Noites de Tormenta”, “Querido John”, “Um Homem de Sorte” e “A Última Música”. Mas os personagens de Nicholas Sparks parecem agradar também aos produtores de cinema, que já transformaram em filme sete de seus 17 livros. O último a ser transportado para a tela grande é “Um Homem de Sorte”, em que o ex-astro de “High School Musical” Zac Efron vive um fuzileiro naval em busca da mulher cuja foto virou seu talismã no Iraque.
Nessa entrevista, Sparks fala sobre o tipo de literatura que faz, a escolha de Efron para o filme e seu processo de trabalho.

UOL - Você classificaria seus romances como ficção romântica ou fantasia romântica?
Nicholas Sparks
- É literatura. É o que é. (Risos) Não é fantasia romântica. Fantasia romântica está muito mais para o romance de amor em si. A fantasia romântica é a mulher que conhece o sujeito, ele se apaixona por ela e eles vivem felizes para sempre. Não é isso o que eu faço. Eles têm essas coisas que as impedem de se apaixonar. Eles se apaixonam mesmo assim. E quando você pensa que haverá esse final “e viveram felizes para sempre”, a coisa se desvia em uma direção que você pode ou não esperar. Logo, não é fantasia romântica e o elemento romântico é apenas um de muitas coisas emocionais. Se você olhar para “Um Homem de Sorte”, você verá muitas emoções diferentes. Há traição ali. Há ciúme ali. Há raiva ali. Sim, eles se apaixonam. Mas essa é apenas uma das emoções presentes.

UOL - Quando Zac Efron foi escolhido para o filme, quais foram seus pensamentos? Você achou que ele era jovem demais para interpretar o papel ou achou que ele era o ator certo?
Sparks
- Ele é perfeito. Logan é alguém que esteve três a quatro vezes no Afeganistão. Eu acho que o escrevi dois anos mais velho no livro, mas é basicamente o mesmo. Eu costumava ser treinador de atletismo na minha cidade, New Bern, Carolina do Norte, e meus ex-atletas estiveram repetidas vezes no Afeganistão. E tinham vinte anos. Vinte! Quero dizer, Zac é meio que velho aos 24 anos, pode-se dizer... Mas ele interpretou isso incrivelmente bem. E quando você olha para um papel como o de Logan Thibault, é um papel mais difícil do que parece. Há muita nobreza e integridade no papel, mas também há essa ferida profunda. Ele é o sujeito que perdeu todos os seus amigos. Como reagir a isso? Você realmente deseja um ator que possa dar conta do que eu considero ser um papel desafiador.


UOL - Esse filme tem muitas variações do tema amor. Pai-filho. Marido-esposa. Avós, esse tipo de coisa. Quando você está escrevendo coisas assim, você começa com uma trama básica e então começa a adicionar essas outras quando são necessárias?
Sparks -
É uma ótima pergunta. É uma decisão consciente. Eu estou em uma posição muito abençoada, na qual as pessoas que leem meus romances variam em idade de, sabe como é, dos 10 aos 100 anos. Então, quando me sento para escrever um romance, a primeira pergunta que faço é: “qual será a idade dos personagens que estão se apaixonando?” Porque isso é que dará forma aos dilemas – qual a idade dos pais deles, se eles têm filhos, tudo isso. Então, assim que você escolhe a idade, na maioria das vezes as pessoas gostam de livros com pessoas de sua própria idade neles, com as quais possam se identificar. Logo, eu tenho Logan e Beth e estão na faixa dos vinte anos. Como farei a mãe de Beth gostar deste livro? Bem, é preciso adicionar outros elementos. É preciso acrescentar os avós. E eles precisam ter seu próprio arco na história e tudo mais. Eu fiz isso em um romance após o outro. Você realmente deseja tornar bacana para todos que leem você.

UOL - Seu público é formado especialmente por leitoras do sexo femino. Há uma esperança de algum filme que transponha isso e ao qual os rapazes assistam sem terem ido arrastados e gritando?
Sparks -
Se você ler “Um Homem de Sorte”, ele é um ótimo livro masculino. Quero dizer, este sujeito é um homem de fato. Ele é um fuzileiro. Ele lutou na guerra. Há muitas cenas disso. O mundo é o que ele é. As garotas procurarão mais por essas obras do que os garotos. Eu sei disso e não tenho nenhum problema com isso.

UOL - Quem você lia quando estava crescendo?
Sparks -
Stephen King. Sim, eu li tudo. Eu era um leitor ávido e ele é o autor que provavelmente mais respeito, simplesmente pela amplitude e profundidade de sua obra. Ele já fez de tudo, de contos premiados até novelas clássicas de nosso tempo, seja “Primavera Eterna: Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank” (adaptado para o cinema como “Um Sonho de Liberdade”) ou “Outono da Inocência: O Corpo” (adaptado como “Conta Comigo”). Ele já fez romances, séries, obras espelhadas, primeira pessoa, terceira pessoa. O cara é uma máquina. Algum dia, quando eu crescer, eu quero ser como Stephen King. Eu quero ter o talento dele.

UOL - Muitos de seus livros foram adaptados para o cinema. Já te encomendaram um roteiro?
Sparks -
Ah, sim. Denise [Di Novi, produtora de “Um Homem de Sorte”] me pediu e realmente depende de mim. Eu escrevi o roteiro para “A Última Música”. Eu certamente o faria. A opção realmente depende do meu tempo. Ela me perguntou à queima roupa: “Você quer escrever o roteiro para “O Melhor de Mim?”. Ela me deu essa primeira opção. Mas neste ano eu estou bastante ocupado.

TRAILER DE "UM HOMEM DE SORTE"