Biografia de J. Edgar Hoover mostra potencial informativo dos quadrinhos
"J. Edgar Hoover: Uma Biografia em HQ" acompanha a trajetória do pai do FBI, que transformou a instituição de um cabide de cargos para favorecidos políticos em uma das mais emblemáticas agências de inteligência do século 20. Mais do que isso, a obra do quadrinista Rick Geary revela como Hoover -que passou por nada menos que oito presidentes americanos- fez do FBI um instrumento da sua vontade com seu estilo agressivo e implacável.
“Edgar Hoover foi um tema perfeito porque ninguém na história americana é o melhor exemplo de como o poder absoluto corrompe absolutamente,” disse Geary ao UOL. ”De certa forma, sua vida define a América no século 20”.
A obra tem uma abordagem que prima pela clareza acima de tudo. “Eu acredito que o formato de história gráfica é perfeito para temas de não-ficção, históricos, jornalísticos e biográficos, no qual se pode fornecer o máximo de clareza,” falou Geary.” A relação texto e imagem pode transmitir o máximo de informações”.
As imagens complementam diretamente o texto, às vezes lembrando mais um infográfico do que uma história em quadrinhos. Quando a história menciona as investigações de Hoover em Hollywood, aparecem holofotes de cinema. Quando fala da invasão alemã da Polônia, vemos tanques com suásticas ao lado. Envolvimento de John Kennedy com Marilyn Monroe é retratado com... John Kennedy ao lado de Marylin Monroe. E assim segue pelas pouco mais de cem páginas da obra.
Alguns podem não aprovar essa abordagem mais textual, mas ela não é nada ruim se considerarmos a quantidade de informações que o quadrinista conseguiu embutir em tão pequeno espaço. "J. Edgar Hoover" é muito informativo e é difícil imaginar outra forma de transmitir de forma clara e interessante uma dose tão maciça de dados. É um bom exemplo do potencial informativo dos quadrinhos, que nem sempre é considerado com a seriedade que deveria.
Vidas em quadrinhos
Além de “J. Edgar Hoover” tivemos no Brasil bons lançamentos desse gênero nos últimos anos. O premiado "Johnny Cash: Uma Biografia", por exemplo, coloca o ícone country dentro de suas próprias músicas de uma forma que muitas vezes não sabemos o que é factual e o que é reimaginado. "A Guerra de Alan" tem um traço confuso que contribui para a sensação de imprecisão de memória conforme um soldado veterano relembra o passado. Uma breve amostra de como o estilo de narrativa e traço da HQs podem se adaptar ao próprio biografado. No caso de "J. Edgar Hoover", o estilo direto casa perfeitamente com o jeito ordeiro do criador do FBI.
“Eu acredito que quando eu trabalho em qualquer tipo de projeto gráfico de grande escala, eu pareço obcecado com a ordem e controle, exatamente como Hoover era,” contou Geary.
É uma pena que as biografias em quadrinhos não sejam levadas mais a sério fora dos nichos de público ou da mídia especializada. “Nos Estados Unidos, livros em quadrinhos e a narrativa gráfica, em geral, são tratados com menos seriedade do que outras formas de expressão,” concorda Geary. “Mas isso tem mudado, ao longo da última década ou duas”. Obras como “J. Edgar Hoover” mostram que os quadrinhos podem não só fazer frente à não-ficção em livros, como proporcionar uma experiência fundamentalmente distinta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.