Conheça João Lelo, carioca que colore o concreto paulistano com pássaros e outros bichos

A fixação do artista plástico João Lelo, de 31 anos, por pássaros e peixes vem colorindo as ruas de São Paulo. O sotaque carioca, no entanto, entrega as origens deste pintor autodidata que deixou Copacabana para trás há menos de um ano e se mudou de mala, cuia e pincéis para a capital paulista em busca de concreto para servir de tela.
Algumas paredes já foram coloridas por ele, como o mural pintado no alto do imóvel localizado na esquina das ruas João Moura e Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, na zona oeste. Há ainda uma pintura menor no Beco do Aprendiz, que fica na rua Belmiro Braga, na Vila Madalena, também na zona oeste. Outras obras ao ar livre feitas há mais tempo já se desgastaram ou foram cobertas.
“Tem muito mais gente pintando na rua por aqui. A cena de arte é mais consolidada em São Paulo”, afirma o artista, que se destaca pelas cores fortes, linhas geométricas e, sobretudo, combinação de animais em uma mesma obra. Esta última característica ele define como “um bicho que vira outro” e aparece tanto em murais como em telas e gravuras.
As principais influências atuais do artista são o construtivismo e o cubismo, além do simbolismo dos animais, mas Lelo já sofreu forte influência dos pintores austríacos Gustav Klimt e Egon Schiele, entre outros. Seus desenhos anteriores, segundo ele, eram aleatórios, não tinham uma identidade. “Era muito emocional, não fazia rascunho. Ia pintando.”
Ao longo dos últimos seis anos, Lelo amadureceu não só a ideia de “ter que ter um emprego fixo” como também desenvolveu sua técnica de pintura sem sequer fazer um curso na área. “Com o tempo eu passei a fazer rascunho. O traço eu venho desenvolvendo a minha vida inteira, mas, agora, as linhas conversam umas com as outras”, detalha o artista, que tem paixão por livros de arte, mas não os coleciona e, sim, os folheia nas livrarias por horas a fio.
Obra de João Lelo no Beco do Aprendiz, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, mostra estilo do artista
Lelo não se lembra exatamente quando começou a pintar. Quando criança, ele e a irmã mais velha tinham autorização dos pais arquitetos para rabiscar as paredes do quarto. O passatempo infantil foi se aperfeiçoando até virar profissão. “Eu cheguei a fazer faculdade de design gráfico porque eu tinha que estudar e ter um emprego. Eu queria fazer arte só pra mim mesmo e não para vender. Tinha um pouco de preconceito com o comércio da arte”, relembra o artista, que mora na zona oeste da cidade, montou o ateliê dentro do apartamento e aboliu a televisão porque se distrai facilmente com ela.
Com a profissionalização do traço e amadurecimento como pintor, veio também uma nova visão do comércio da arte. Atualmente, as obras de João Lelo podem ser vistas e compradas na galeria Choque Cultural, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. No exterior, há pinturas de Lelo na galeria Art Whino, que fica em Washington, nos Estados Unidos, e ainda na galeria Able Baker, na Alemanha.
Lelo já expôs ainda em coletivos e individuais em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Salvador, Curitiba e Brasília. Mundo afora, ele já apresentou suas obras na Espanha, no Uruguai e na Áustria.
O maior desafio, segundo ele, é fazer arte com preço acessível. “Eu já fui assistente de ateliê e achava alguns preços absurdos. Acho que existe uma forma justa de trabalhar com a arte”, diz o artista, que, apesar disso, não consegue pôr preços nos próprios trabalhos. “Trabalhar com uma galeria me ajuda nisso.”
Para pendurar uma obra de João Lelo na parede, é preciso desembolsar a partir de R$ 150. Quem quiser conferir de graça, é só prestar atenção no concreto paulistano ou visitar a página oficial do artista.
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