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Feira do sexo reúne 'vibrador-despertador' e pênis de mármore em Londres

ILANA REHAVIA

Colaboração para o UOL, de Londres

19/11/2011 16h22

Na entrada principal de um centro de conferências no oeste de Londres, mulheres de botas de verniz, espartilho e meias arrastão chegam acompanhadas de orgulhosos parceiros. Casais de meia idade trocam olhares cúmplices. Vez ou outra, aparece um jovem levando a namorada por uma coleira. Ou vice-versa. Bem-vindo à Erotica, a enorme feira de erotismo realizada neste final de semana na capital britânica.


Dentro do salão, todo coberto por tapetes vermelhos, um mundo de vibradores, chicotes, filmes pornô, tapas-mamilo, lubrificantes e móveis sexuais. Logo ao entrar, os visitantes dão de cara com uma jovem vestida de bebê – de fralda, chupeta e marias-chiquinhas – sendo acariciada por um homem um pouco mais velho, usando uma camiseta do Batman. É o stand da empresa Nursery Thymes, que oferece uma espécie de creche para adultos na região inglesa de Hampshire. Lá, por preços que começam em £40 (R$ 110) por uma hora, quem tem o fetiche de se vestir de bebê pode ter suas fraldas trocadas, tomar leite na mamadeira, ouvir histórias e por aí vai.

‘Sexo vende’

Se depender do enorme movimento de visto na feira, a máxima de que o “sexo vende” continua sendo verdadeira, mesmo em meio à crise econômica que afeta outros setores do comércio britânico.

Entre as quatro paredes da Erotica, 150 empresas oferecem produtos e serviços que vão dos relativamente comuns aos mais fetichistas. A feira espera receber 60 mil pessoas durante este final de semana, gerando £12 milhões (R$ 33 milhões). “As pessoas estão procurando um pouco de escapismo neste momento e nós somos o lugar perfeito para que elas se mimem um pouco”, diz Savvas Christodoulou, CEO do evento. “Nós praticamente mantemos a empresa de pilhas Duracell viva”, brinca.

Novidades quentes

Entre as novidades lançadas na Erotica está um despertador diferente. O Little Rooster (Pequeno Galo) é um pequeno vibrador que deve ser colocado dentro da calcinha antes de dormir. De manhã, no horário programado, ele promete acordar com uma onda de prazer, ao invés daquele barulhinho irritante dos alarmes comuns. “Há forma mais bonita de despertar?”, diz o inventor da ideia, Tony Maggs. O despertador tem até mesmo a função “snooze”.

Impossível não notar também um estande repleto de pênis artificiais de mármore e ônix, dos mais variados tamanhos. Acostumado a esculpir lápides, lareiras e monumentos de pedra, o inglês Stuart Hughes teve a ideia de enveredar pelo mundo erótico quando recebeu uma encomenda para um presente de casamento bem-humorado. Foi assim que nasceu a Pleasure in Stone (Prazer em Pedra). Apesar de anunciar seus produtos como “esculturas eróticas”, Hughes diz que apenas 20% dos consumidores compram o objeto para deixar de enfeite. “A grande vantagem do uso da pedra para brinquedos sexuais é que ela retém muito bem o frio e o calor”, diz. “Além disso, há...bem...a dureza do material.” Com preços em torno de £80 (R$ 223), os pênis de pedra podem chegar às centenas de libras se forem feitos sob medida.

Mais adiante, um banco sexual revestido de couro com um pênis artificial motorizado chama a atenção de quem passa. Ao lado, em uma pequena gaiola, há um homem vestido de dálmata. Os móveis são criados pelo marceneiro e ferreiro Nigel Wass. Depois de construir casas durante décadas, seu negócio sofria com a crise quando uma dominadora sadomasoquista pediu que construísse peças para seu calabouço. As criações fizeram sucesso e hoje ele produz gaiolas, bancos e outros produtos que fazem corar os mais pudicos. A cadeira Scorpion, por exemplo, foi inspirada no formado de um escorpião. Foi inventada para ser um enfeite, mas se mostrou o móvel ideal para aqueles que gostam de ser amarrados.

Arte e tecnologia

No segundo andar do centro de convenções, o escultor Ken Clarke exibe orgulhoso o trabalho que fez para a modelo Rosemary: uma espécie de “biquíni” esculpido no formado das mãos do marido dela.

Clarke é mais um que migrou para o erotismo. Com um currículo impressionante, trabalhou com efeitos especiais em filmes como Guerra nas Estrelas e Indiana Jones. Hoje, esculpe as mais variadas partes do corpo em gesso, dependendo do pedido do cliente. Dos mais inocentes – como os pés e mãos de um bebê – até os mais atrevidos, como seios, línguas e genitais.

Na parte de vestuário, o destaque fica por conta das cuecas AsdruMark, inspiradas em sutiãs. Elas são desenhadas para erguer e segurar os genitais masculinos. Os fabricantes, uma empresa colombiana, garantem que, além do conforto, as cuecas dão uma ajudinha aos menos dotados. “A cueca é mesmo como um sutiã. Para os que têm pouco, levanta e aumenta. Para os que têm muito, dá uma ótima sustentação”, diz a marca.

Neste ano, a Erotica tem como tema a dança, pegando carona na febre da dança de salão que acomete a Grã-Bretanha e outros países. O palco principal traz apresentações sensuais de dançarinos do programa de TV Strictly Come Dancing, algo como o brasileiro Dança dos Famosos.

No palco Cabaré, com curadoria da famosa festa fetichista londrina Torture Garden, os visitantes se divertem em workshops de strip-tease burlesco e de dominação sadomasoquista.

Lá, uma drag queen com mais de dois metros de altura e um figurino digno de Lara Croft assiste compenetrada ao show de Hamish McCan, que desafia a gravidade dançando em um mastro ao som de Singing in the Rain. A Erotica definitivamente é uma experiência peculiar.