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Estrela mundial com mostras em SP, artista dinamarquês terá obras permanentes em MG

MARIO GIOIA<br>Colaboração para o UOL

13/10/2011 07h05

Nomes estelares do mundo das artes visuais, Damien Hirst, Matthew Barney e Jeff Koons, todos presentes em coletiva atualmente em cartaz na Fundação Bienal de São Paulo, têm importância minimizada com a exibição simultânea em três locais de exposição do dinamarco-islandês Olafur Eliasson na cidade. Convidado principal do festival Videobrasil, o artista produziu e adaptou oito trabalhos especialmente para a capital paulista, o que faz dela, até janeiro do ano que vem, lugar privilegiado para a compreensão da sua obra. “O Corpo da Obra”, título da mostra, ainda abriga três peças vistas em outras cidades.

Com a abertura da nova configuração das galerias e pavilhões do Instituto Inhotim, em Brumadinho (Grande BH, MG), o público ainda poderá ter contato com outros dois trabalhos realizados por Eliasson (“Por Meio de uma Percepção Intuitiva Súbita” e “Viewing Machine”). Mas o diretor artístico da instituição, o curador alemão Jochen Volz, confirmou ao UOL na última quinta, dia da inauguração, que o centro de artes terá dois pavilhões exclusivos para o trabalho do artista nórdico. “É um projeto que está sendo elaborado desde 2005 e que, finalmente, será aberto entre setembro e outubro do ano que vem”, afirmou ele.

Projetos de grande dimensão mesmo dentro do conjunto destacado da instituição mineira _hoje Inhotim tem 18 pavilhões/galerias, exibindo neles trabalhos de nomes como Barney, Doug Aitken e Cildo Meireles _, os novos espaços devem ter ressonância mundial por conta do caráter permanente e da importância do artista em termos globais. A lembrar, Eliasson criou um grande sol artificial em plena Tate Modern, em Londres, um dos museus mais importantes do mundo, no ano de 2003, e criou uma cachoeira em Nova York, em 2008. Na capital britânica, o público foi de 2 milhões de visitantes.

Os pavilhões serão colocados em pontos estratégicos do instituto de 100 hectares (área visitável). Perto da entrada, um edifício de linhas retangulares, enterrado em 2/3 de sua área, dialogará com a paisagem do entorno, mas por meio de uma linha delgada. “Acho muito importante na obra de Olafur a criação de um lugar especial, onde o espectador tem parte ativa nela, com frágeis elos com a realidade de fora”, diz Volz. O outro prédio será construído em uma das partes mais altas do centro de artes, próximo à nova peça de Chris Burden, “Colmeia Fortificada” (tradução livre de “Beehive Bunker”). Será uma esfera com uma abertura para o exterior, que transformará o espaço interno de acordo com a luz natural e as condições atmosféricas. “Será uma espécie de relógio de sol”, conta o curador. No mesmo período, devem ficar prontas novas galerias da instituição, dedicadas a Lygia Pape, Tunga (finalizadas entre abril e maio de 2012), Claudia Andujar e à espanhola Cristina Iglesias (previstas para entrega entre setembro e outubro de 2012).

Diálogo com São Paulo

No conjunto de mostras em São Paulo, espelhos, luzes e fumaça formam diferentes tipos de peças, nas quais o papel do público é destacado. Em “Seu Caminho Sentido”, no Sesc Pompeia, o visitante entra em um ambiente enfumaçado e vai da luz à escuridão, como num movimento semelhante ao crepúsculo do dia. É uma obra sensorial, que tem quase um contraponto em “Sua Fogueira Cósmica”, no Sesc Belenzinho, onde um motor gira uma estrutura circular de vidro no centro de uma grande sala. Películas de cores diversas na mesma estrutura fazem com que projeções nas paredes criem um labirinto cromático novo a cada passagem. O espectador tem de ficar parado e observar a lenta mistura dos fachos, com cores mescladas. Já na Pinacoteca, “Microscópio para São Paulo” utiliza espelhos de grandes dimensões dispostos numa altura de três pisos do prédio, gerando um efeito caleidoscópico que se beneficia também do teto envidraçado construído por Paulo Mendes da Rocha na reforma do museu. No Octógono, um dos espaços centrais da instituição, um espelho circular é suspenso no teto e faz lentos movimentos circulares em “Tome Seu Tempo”.


Visualizar Olafur Eliasson em SP em um mapa maior

Solange Farkas, curadora geral do Videobrasil, evento responsável pela vinda do artista para São Paulo, acredita que o dinamarquês sintetiza um dos eixos principais do festival. “Ele é referência mundial no cruzamento de diversas áreas, como as artes visuais, a ciência, a filosofia, a tecnologia. Essa linguagem híbrida tem muito a ver com o que almejamos no festival.”

Volz avalia que a integração com a cidade de São Paulo foi fundamental para a elaboração das obras. “Essa mostra difere de outras já feitas sobre sua carreira por conta das diferentes escalas envolvidas e de características específicas que ele encontrou por aqui. É clara a influência da relação entre natureza e urbano de Lina Bo Bardi no que ele desenvolveu para o Sesc Pompeia, por exemplo, projeto da arquiteta.”


OLAFUR ELIASSON – SEU CORPO DA OBRA

SESC BELENZINHO
Onde: (r. Padre Adelino, 1.000, tel. 0/xx/11/2076 9700)
Quando: de terça a sexta, das 9h às 22h, sábado, das 9h às 21h, e domingo e feriado, das 9h às 20h; até 29/1
Quanto: entrada franca

SESC POMPÉIA
Onde: (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871 7700)
Quando: de terça a sábado, das 9h30 às 21h, domingo e feriado, das 9h30 às 20h; até 29/1
Quanto: entrada franca

PINACOTECA DO ESTADO
Onde: (pça da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324 1000)
Quando: de terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até as 18h); até 8/1
Quanto: R$ 6 (sábado, entrada franca)