Escritor 'nerd' estoura na internet, e romance de ficção vira best-seller
Quando Eduardo Spohr, 34 anos, se viu desempregado, em 2003, ele não esperava que sete anos depois viesse a ser escritor de um best-seller de ficção. Muito antes de vender as 180 mil cópias de “A Batalha do Apocalipse”, sua obra de estreia, o autor do recém-lançado “Filhos do Éden” era apenas um jogador de RPG – jogo que simula aventuras em mundos fantásticos – que gostava de contar histórias.
“A primeira história em quadrinhos que fiz foi aos seis anos”, conta Spohr. O escritor revela que as sessões de RPG com os amigos permitiram que ele desenvolvesse seus próprios mundos e personagens. “Quando assistimos ao filme ‘Anjos Rebeldes’, decidimos criar histórias utilizando esses seres mitológicos, que sempre me fascinaram”, diz Eduardo. A partir daí, foram 10 anos ampliando o universo que mais tarde abrigaria seu primeiro livro.
Quando a empresa onde trabalhava fechou, Spohr decidiu colocar suas energias na junção dos fragmentos de histórias que tinha escrito ao longo do tempo em uma obra única. Usou todo tipo de influência nerd, como os filmes “Guerra nas Estrelas”, “Matrix” e autores como Stephen King. “De uma certa forma, tudo isso está no livro”, diz Spohr. “A Batalha do Apocalipse” retrata o confronto final entre os anjos e a influência dos acontecimentos no mundo dos homens.
Apesar das editoras demonstrarem interesse na obra, ainda havia dúvida se aquele era o momento de publicar o livro. Com a ajuda dos amigos Deive Pazos e Alexandre Ottoni, do site “Jovem Nerd”, Eduardo Spohr chegou a vender mais de 4 mil livros impressos de forma independente, em 2009. O sucesso na internet chamou a atenção da editora, que fechou um contrato com o autor.
Impacto da obra
“A Batalha do Apocalipse” passou rapidamente a figurar em uma lista normalmente dominada por estrangeiros, a de livros mais vendidos de ficção. “Não esperava fazer esse sucesso, não sabíamos como seria a reação fora do público nerd. Acabou que o livro foi além. Pessoas que não tem o perfil do livro compraram a obra”, conta Spohr.
“O mais legal é saber que esse caminho da literatura de fantasia nacional está ganhando mais espaço. As pessoas estão se interessando e abrindo espaço para novos escritores”, conta o escritor. Para Spohr, existem muitos autores, como André Vianco, que tem feito muito para destacar o estilo no país.
Internacional
O livro deve chegar em breve às livrarias europeias. O primeiro país a traduzir a obra de estreia de Spohr será a Holanda. No entanto, as semelhanças de algumas passagens de "A Batalha do Apocalipse" com a cultura hebraico-cristã fez uma editora italiana não publicar o livro. “É uma questão de mercado. Se fosse assim, o ‘Código da Vinci’ não seria publicado lá. Se der tudo certo, ele também chegará lá”, opina o autor.
Spohr revela que as criticas desse tipo normalmente partem de pessoas que não leram o livro. “As pessoas ligadas à religião entenderam que é ficção. Aborda mitologia e espiritualidade, mas não tem nenhum dogma religioso ou coisa do tipo. Não houve críticas a nenhuma crença”, afirma o escritor.
Sequência do trabalho
Em “Filhos do Éden”, lançado no início de setembro, o autor decidiu "esquecer" o primeiro livro e criar novas histórias. “Quis fazer algo mais dinâmico. “Filhos do Éden’ é uma ideia que já tenho faz tempo e já tem mais de mil páginas. Será uma série de três ou quatro livros, pois iria demorar muito para fazer tudo de uma só vez”, conta Spohr.
O livro deve ter focos diferentes. A primeira parte aborda mais a filosofia e o segundo deve trazer mais fatos históricos. Daí pra frente, deverá trabalhar a mitologia da série. “Não sabia se os leitores gostariam, mas pelo que tenho visto, a resposta é boa. Tem gente gostando mais desse que da obra de estreia”, afirma o autor
Fãs
Eduardo Spohr diz ter muita gratidão para com todos os leitores da obra. “Considero-me privilegiado por ter fãs que participam mesmo e vestem a camisa”, afirma o escritor. Para ele, parte do sucesso da obra se deve à propaganda que os próprios fãs faziam quando o livro ainda estava na fase independente. “É emocionante quando alguém conta que nunca havia lido um romance em livro até conhecer minha obra. Não há recompensa melhor”, afirma o autor, que não se cansa de dar autógrafos. “Na última Bienal (no Rio de Janeiro) fiquei cinco horas autografando, mas é o mínimo. Estou fazendo meu trabalho e gosto muito desse feedback”.
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