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Thalita Rebouças diz que Twitter a ajuda a escrever livros

Thalita Rebouças participa de mesa redonda na Bienal do Livro (7/9/2011) - Divulgação /Bruno de Lima
Thalita Rebouças participa de mesa redonda na Bienal do Livro (7/9/2011) Imagem: Divulgação /Bruno de Lima

FABÍOLA ORTIZ

Colaboração para o UOL, do Rio

08/09/2011 13h36

A jovem autora Thalita Rebouças, 36, pode ser considerada uma jovem celebridade do mundo literário, mas ainda não se acostumou com a ideia. Na Bienal do Livro, a escritora demonstrou surpresa ao ver o auditório da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, lotado de adolescentes, na tarde desta quarta-feira (7). “Vocês vieram aqui só para me ver ou estão aqui por engano?”, brincou Thalita. 

Com esse espírito que a jovem autora respondeu às mais variadas perguntas da garotada que participou da mesa redonda. Thalita contou um pouco de como começou no mundo literário, escrevendo para o universo teen e tentando viver de livro. “Com 25 anos lancei o meu primeiro livro. Eu era jornalista e jornalista não pode inventar história. Há 11 anos eu vivo de inventar histórias. Para mim não é difícil, o maior prazer que tenho na vida é escrever para adolescente. Jamais esperava alcançar a marca de um milhão de livros”, disse.

‘Nem sabia que escritor tinha fã clube’

O que me ajuda muito a escrever um livro é o Twitter com 160 mil seguidores, onde eu faço perguntas e sempre em respondem

Thalita Rebouças, sobre as dificuldades de ser escritora

Emocionada, Thalita relembrou como foi o início de sua carreira. “Ninguém vinha falar comigo e hoje é muita emoção ver tanta gente aqui na Bienal que veio só para me ver. Eu nem sabia que escritor tinha fã clube. Me falavam que adolescentes não lêem, não gostam de ler, que o brasileiro não lê. Vocês não são mais crianças, não são aborrecentes e não são adultos para ter o nossos defeitos”.

Fenômeno dos escritores para o mundo jovem, Thalita teve que se acostumar com a legião de fãs que despertou. Hoje fica horas autografando e dando beijos na bochecha de seus leitores. “Jamais imaginei ficar horas autografando. Eu sonhava, mas jamais pensei que fosse acontecer”. Para ela, essa é a prova de que vale a pena batalhar. “Acho tão bacana ouvir que tem gente que quer batalhar para publicar seu livro. A minha maneira de fazer diferença foi essa. Eu me emociono sempre. Parece um sonho e espero que esse sonho não termine nunca”.

Impacto literário

Thalita fala que, em seus livros, gosta de misturar histórias que aconteciam com ela e também que ela cria como na série ‘Fala sério’ que considera uma “romance em pílulas”. “Tudo me inspira, isso tudo aqui também é muito inspirador”, disse Thalita ao se referir à recepção calorosa que teve dos fãs. Uma professora na plateia também fã da autora disse que resolveu adotar os seus livros para as crianças que estão aprendendo a ler na escola. “É muito louco pensar quando tudo começou. Eu estava aqui no Riocentro na Bienal e ninguém vinha falar comigo. Eu ainda me espanto com o impacto, acho que escrevo para qualquer idade, qualquer sexo, para quem gosta de rir e se conhecer. Eu rio escrevendo meus livros”.

Os seus escritores favoritos que sempre lhe inspiram são João Ubaldo Ribeiro, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo. “A minha praia é realmente pré-adolescente e adolescente. Sonhar é bom, mas realizar o sonho é muito mais legal”. A pedido dos fãs, Thalita deu dicas para quem gosta de ler e quer escrever: “A dica número um é ler, quanto mais a gente lê melhor a gente escreve e conhece a língua. Leiam muito, insistam, a persistência é fundamental. Ser escritora é uma profissão difícil, o que me ajuda muito a escrever um livro é o Twitter com 160 mil seguidores, onde eu faço perguntas e sempre em respondem”.

Thalita disse que o que lhe marcou foi ler, aos 13 anos, o livro ‘Feliz Ano Velho’ de Rubens Paiva. “Foi o que me resgatou para o mundo da leitura, um marco na minha adolescência”.
Perguntada se já pensou em ter filhos para escrever como a mãe da personagem Malu na série ‘Fala sério’, ela disse que, por enquanto, não. “Por não ter filho eu acabo não julgando os adolescentes. Não sei se um dia vou ser mãe, não é uma prioridade agora, se algum dia acontecer vai me inspirar”.

Lançamento

Os projetos de Thalita para os próximos anos já está a toda. Ela está lançando na Bienal 12º título, “Era Uma Vez Minha Primeira Vez” (Rocco Jovens Leitores). Numa linguagem típica das adolescentes e com o humor sempre presente em suas obras, a autora do universo teen conta como seis amigas inseparáveis Teresa, Clara, Tuca, Fernanda, Patty e Joana, todas entre 15 e 19 anos, enfrentam o antes, o durante e o depois de um dos momentos mais importantes na vida das mulheres.

O livro reflete as emoções, os sentimentos, medos e anseios das personagens em diversas. No fim de novembro, já está no forno o seu 13º título: “Fala sério filha – a vingança  dos pais”. Thalita explica que os pais pedem desde 2004 uma revanche. Está na hora de dar uma ‘fala sério’ para os filhos.

“Adolescente merece muitos ‘fala sério’ dos pais, não me busca na porta da escola, me deixa duas quadras depois, tenho vergonha de você, não me beija na frente dos outros, não me baba. Um filho que fala isso merece um ‘fala sério’ filho. Já falei tudo que irrita aos adolescentes, agora o que irrita os pais”, brincou.

Livros vão virar filmes e peças de teatro

Três de seus livros vão virar filme: “Tudo por um namorado”, “Uma fada veio me visitar”, “Ela disse, ele disse”. Outros dois vão virar peça: “Era Uma Vez Minha Primeira Vez” e “Tudo por um pop star”. Thalita Rebouças vai batalhar agora pela projeção internacional. Já está em Portugal e, em 2010, lançou seu sexto livro “Tudo por uma Pop Star!”, pela Editorial Presença.
Em menos de um ano, o primeiro título lançado em solo lusitano, o "Que Cena, Mãe", (nome que "Fala Sério, Mãe!” ganhou na terrinha), chegou à segunda edição. "Que Cena, Professor!" e "Que Cena, Amor!" seguiram o mesmo caminho.

“A carreira internacional é o que mais estou querendo, vou investir nisso no ano que vem. Estou com um agente na Espanha, quero muito o mercado espanhol. Não quero só ser publicada, quero vender mesmo como vendo em Portugal e aqui no Brasil. Em Portugal estou desde 2007, e agora eu quero tudo, China, Japão, quero o mundo”, completou.