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Reynaldo Gianecchini vive triângulo amoroso em peça que estreia em SP

ESTEFANI MEDEIROS <br> Da Redação

20/06/2011 18h09

Uma mulher trai o marido e se apaixona por um novo homem, com quem se casa. As dores, frustrações, inseguranças e falhas deste relacionamento são o tema da peça "Cruel", adaptação da obra de August Strindberg, que estreia em São Paulo na próxima segunda-feira (27). Fazem parte do elenco Reynaldo Giannechini, Erik Marmo e Maria Manoella. 

Giannechini, que interpreta Gustavo, o marido traído, falou sobre o papel em entrevista para a imprensa realizada na tarde desta segunda (20). "O que me interessou no texto foi a relação entre os personagens, as camadas de cada um. Ele [Gustavo] é o mais cruel, mas ao mesmo tempo é fraco. Tem uma coisa de vingança nisso tudo. O jeito dele de tentar superar a traição é os destruindo". 

Questionado sobre a relação do personagem com Fred,  o antagonista da novela "Passione", Giannechini explica que "esse papel é um desafio. Na televisão você não consegue se aprofundar, você precisa gravar 70 cenas por dia. No teatro não, você exercita o personagem todo dia", diz ele. Mas o ator diz também achar "o maior barato" fazer televisão. "O Fred é um personagem bom. É difícil pegar um personagem bom na TV."

É difícil pegar um personagem bom na TV

Reynaldo Giannechini

"Cruel" tem direção de Elias Andreato, que trocou o nome original de "Os Credores" para dar mais leveza ao espetáculo. "Anulamos a possibilidade de ficar ‘over’ por ser uma peça de época. O figurino já e pomposo, a ideia é evitar isso na atuação. É legal quebrar um pouco", explica Maria Manoella, que interpreta Tekla. 

A peça demorou apenas dois meses para ficar pronta, mas há vinte anos é um projeto guardado de Andreato. “Esse projeto é muito antigo. Gastei muito dinheiro em xerox procurando quem apoiasse a ideia. Ninguém nunca me deu atenção. A proposta agora é fazer um trabalho em que o processo seja o mais importante”, explica o diretor. 

Erik Marmo, que interpreta Adolfo, o marido apaixonado e ao mesmo tempo inseguro pela possibilidade de perder a mulher, diz que criou o personagem com base em vivências próximas. "Todo mundo tem uma dor profunda, uma loucura. Tive que buscar em mim esses sentimentos para criar o personagem", explica Erik Marmo. 

A peça tem sempre dois atores em cena e a adaptação do texto foi pensada para criar identificação com o público. "A tradução do Elias é direta. Os problemas, a violência dos personagens são transmitidos com as palavras", explica Gianecchini. "A guerra deles é psicológica. Os três são extramamente racionais, o que muda é a forma como usam sua inteligência emocional", complementa Marmo.

A ideia é que o público tenha a impressão de que está espiando sua própria vida pelo buraco da fechadura.

Elias Andreato, diretor

Gianecchini, que fez uma cirurgia de hérnia inguinalna no início do mês, diz que o contratempo médico não atrapalhou o trabalho. "Dei só uma pausa nos ensaios, às vezes é bom dar uma parada". O ator também adianta que ainda não tem nada planejado para depois da peça. “Gosto de diversificar, não tenho preferência por personagem, se é vilão, mocinho... Acredito que os projetos escolhem a gente”. 

Para valorizar o intimismo do espetáculo, cerca de 100 lugares serão fechados para deixar a sala do Teatro Faap menor. "A ideia é que o público tenha a impressão de que está espiando sua própria vida pelo buraco da fechadura", explica Andreato. Depois de São Paulo, “Cruel” faz uma turnê pelo país em teatros pequenos, por enquanto as cidades Santos e Campinas estão confirmadas.

Entenda a história
Em "Cruel", Tekla (Maria Manoella) é uma escritora e mulher independente que trai o marido Gustavo (Reynaldo Giannechini) com Adolfo (Erik Marmo), com quem tem um novo casamento. A história se passa em meio à repressão social de 1890. Em férias com o marido, Tekla encontra Gustavo, que faz de tudo para acabar com a vida dos dois. A obra é de Johan August Strindberg, autor sueco.


"CRUEL"
Onde: Teatro Faap (Rua Alagoas, 903 - Higienópolis)
Quando: De 27 de junho a 4 de outubro, às segundas e terças-feiras à partir das 21h
Quanto: R$40