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Principal artista chinês, Ai Weiwei continua desaparecido após prisão; entenda o caso

O artista chinês Ai Weiwei com algumas das sementes de porcelana da obra "Sunflower Seeds" - Andy Rain/Efe
O artista chinês Ai Weiwei com algumas das sementes de porcelana da obra "Sunflower Seeds" Imagem: Andy Rain/Efe

Da Redação*

07/04/2011 13h58

Principal artista contemporâneo da China, Ai Weiwei, 53, está desaparecido desde o último fim de semana, quando foi detido ao tentar deixar o aeroporto internacional de Pequim. Crítico ao governo, Weiwei participou em 2010 da 29ª Bienal Internacional de São Paulo e tem obras em importantes museus como o Tate Modern, em Londres.

Desde a prisão do artista, os governos norte-americano, francês, britânico, alemão e australiano já pediram à China a libertação de Weiwei. No entanto, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, disse nesta quinta-feira (7) que "os outros países não têm o direito de interferir".
 
"Este assunto não tem nada a ver com direitos humanos ou liberdade de expressão", afirmou Hong Lei, afirmando que Weiwei é "suspeito de crimes econômicos".
 
O motivo da prisão, porém, não é confirmado pela mulher do artista, Lu Qing, que revelou nesta quarta-feira (6) não ter "qualquer notícia das autoridades sobre o destino de Ai Weiwei", embora a Polícia seja obrigada por lei a informar a família em até 24 horas. O advogado do artista, Liu Xiaoyuan, afirmou também não ter notícias.
 
Nesta quinta-feira, mãe e irmã de Weiwei colocaram um aviso de "pessoa desaparecida" na internet, de acordo com a agência de notícias alemã Deutsche Welle. Segundo disse a mãe do artista, Gao Ying, à Agência EFE, "a investigação por crime econômico é um truque de magia para deter meu filho, é uma campanha de propaganda".

CRONOLOGIA DA RECENTE RELAÇÃO WEIWEI x CHINA

Nov/2010: Weiwei é colocado em prisão domiciliar ao organizar um jantar em protesto à demolição de seu ateliê
Dez/2010: Impedido de viajar à Coreia do Sul, de onde seguiria para a Europa, o artista não vai à cerimônia de entrega do Nobel da Paz a seu compatriota Liu Xiaobo, na Noruega
Jan/2011: O ateliê do artista começa a ser demolido por autoridades do governo em Xangai
Abril/2011: Weiwei é detido ao tentar deixar o Aeroporto Internacional de Pequim

 
Em entrevistas à EFE, tanto mãe quanto mulher de Weiwei disseram não ter medo, mas expressaram grande preocupação com a saúde do artista, que necessita medicação diária contra diabetes e hipertensão.
 
Weiwei é um dos artistas mais consagrados da atualidade. No último mês de fevereiro, um lote com 100 mil sementes de girassol feitas em porcelana e pintadas a mão -- parte de sua obra "Sunflower Seeds" --, foi vendido por cerca de US$ 560 mil pela casa de leilões Sotheby's, em Londres. 
 
Weiwei é também arquiteto, fotógrafo e curador, tendo ajudado a conceber o famoso estádio Ninho do Pássaro, palco da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
 
A prisão aconteceu poucos dias depois do artista ter anunciado à Agência AFP a intenção de abrir um estúdio na Alemanha para expor sua obra, exasperado com a pressão na China. 
 
Ativista político e dissidente do regime, Weiwei foi colocado em prisão domiciliar em novembro de 2010, ao organizar um jantar em protesto à demolição de seu ateliê, considerado uma construção ilegal. Em dezembro, ele foi impedido de viajar à Coreia do Sul, de onde seguiria para a Europa, e não foi à cerimônia de entrega do Nobel da Paz a seu compatriota Liu Xiaobo. No último mês de janeiro, seu ateliê começou a ser demolido por autoridades do governo em Xangai.
 
O artista também já chegou a sofrer um derrame cerebral após ser espancado pela Polícia por se mostrar a favor das crianças mortas no desabamento de escolas no terremoto de Sichuan, em 2008.
  • Reprodução

    Obra do artista na entrada do pavilhão da Bienal na 29ª edição do evento (setembro/2010)

*Com agências internacionais