Montada pela primeira vez no Brasil, a peça “A Senhora de Dubuque”, de Edward Albee, com direção de Leonardo Medeiros, estreia este sábado (29) em São Paulo. Com Alessandra Negrini e Karin Rodrigues, o espetáculo conta a história de três casais de amigos que, após passarem a noite bebendo e conversando, decidem iniciar um delicado jogo de perguntas do qual ninguém sai ileso.
Alessandra Negrini vive a anfitriã Jo, uma mulher debilitada por uma grave doença que aproveita seus últimos momentos de vida para expor verdades indigestas que seus convidados se negam a aceitar. "É bizarro mas ao mesmo tempo é um mecanismo humano se negar a enxergar certas coisas para continuar vivendo”, acredita a atriz, que contracena com seu namorado Sérgio Guizé no espetáculo.
Um bom exemplo do jogo de negação da realidade é quando Edgar (Luciano Gatti), após deixar a casa com sua mulher Lucinda (Patrícia Pichamone), resolve voltar e obrigar Jo, neste momento deitada no chão e urrando de dor, a pedir desculpas para Lucinda pelas "ofensas" ditas.
Trecho da peça veiculado no "Metrópolis"
Na manhã seguinte ao jogo de perguntas, quando os amigos voltam à casa do casal Jo e Sam (personagem de Joaquim Lopes) para tentar refazer a amizade, eles se deparam com outros convidados: Elizabeth (Karin Rodrigues), a senhora de Dubuque, que se diz mãe de Jo, e seu parceiro Oscar (Edson Montenegro), dois personagens misteriosos que dali em diante conduzem o espetáculo para um novo questionamento.
Afinal, quem são eles e o que fazem ali? Perguntas que encontram inúmeras respostas, até mesmo para os atores que os representam.
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“O público tem uma parte ativa no espetáculo, pois precisa prestar atenção na peça e definir quem ela é, coisa que nem eu sei. São muitas respostas. O genro diz que ela não é sua sogra, mas ao mesmo tempo Jo a aceita como mãe”, diz Karin Rodrigues, que reestreia nos palcos após estar afastada desde a morte do marido, o ator Paulo Autran, em 2007.
Ao lado da senhora de Dubuque está Oscar, um homem culto que sabe artes marciais e se veste com elegância. “Passei mais de um mês experimentando abordagens para o personagem, até que um amigo me disse 'ele é um anjo da morte', e eu achei que de fato pudesse ser isto. A partir daí comecei a trabalhar mais com essa abordagem. Mas o diretor nunca me confirmou se ele era isso ou não”, diz Edson Montenegro.
Como em outras peças de Edward Albee, existe um questionamento dos conflitos familiares, da consciência da existência e da morte. “Para mim, a questão da peça é: Quem é você, como você se coloca diante da vida?”, conclui Alessandra Negrini.
"A SENHORA DE DUBUQUE"
Quando: de 29/1 a 06/3. Sextas e sábados, às 21h; e domingos, às 18h.
Onde: SESC Pinheiros. Teatro Paulo Autran (rua Paes Leme, 195. Tel.: 0/xx/11/ 3095-9400)
Quanto: R$ 32 (inteira); R$ 16 (usuário matriculado no SESC e dependentes, maiores de 60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino)
Mais informações: www.sescsp.org.br