| "O mestre e Margarida", de Mikhail Bulgákov Esse é um clássico (ed. Alfaguara, 456 pgs., R$ 59,90) que ficou soterrado por décadas sob a proibição stalinista e voltou à tona nos anos 60, revelando o grande talento satírico de Bulgákov. O diabo visita Moscou e espalha, em doses iguais, confusão e alumbramento por onde passa, escoltado por um sinistro gato em trajes e postura humanos. A bela Margarida do título, seduzida pelo irônico rei das trevas, abandona tudo em troca de salvar o amado, o “Mestre”, um escritor enlouquecido pela censura do regime, que chega a queimar sua obra. É claro porque a polícia secreta soviética não dava descanso a Bulgákov. Uma curiosidade: o livro inspirou outro clássico, mas do rock: “Sympathy for the Devil”, dos Rolling Stones.
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| “Uma Fome”, de Leandro Sarmatz Se é verdade que todo grande escritor começa pelos contos, pode-se esperar muito do gaúcho Leandro Sarmatz. “Uma Fome” (Record, 128 pgs., R$ 29,90), seu livro de estreia, traz narrativas tão engraçadas quanto inquietantes, algo entre Kafka e Woody Allen. O conto central resume um pouco as intenções do autor: a busca por uma literatura “magra”, sem empolações e lirismos desnecessários. O que se lê em “Fome” são retratos espirituosos do absurdo, que desafiam a gravidade com humor, como um número de Fred Astaire. Um absurdo que pode assumir várias formas: um ator que interpreta um suposto Hitler foragido na Amazônia; um enfermeiro delirando diante de um paciente em coma; dois militantes comunistas foragidos na fronteira com a Argentina...
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| "2666", de Roberto Bolaño Grande livro do ano (ed. Companhia das Letras, 856 pgs., R$ 56), tanto pela qualidade literária como pelo número de páginas, “2666” representa o ápice da obra do cultuado Roberto Bolaño, autor também de “Detetives Selvagens” e “Putas Assassinas”. Dividido em cinco “livros”, é centrado em Ciudad Juarez, no México, onde mulheres são assassinadas como moscas, sem que as autoridades consigam esboçar nenhuma reação. O fato, tristemente real, é amenizado por histórias secundárias, como a que segue um quarteto de críticos em busca de um escritor desaparecido, ou a que mostra um filósofo lançando literalmente palavras ao vento em pleno deserto. Ao final, tudo faz algum sentido e sentido nenhum -- o que talvez seja o estofo de toda grande literatura. ::Saiba mais sobre "2666" ::Leia trecho do livro |
| “Deixe o Mundo Girar”, de Colum McCann Outro grande livro (ed. Record), também polifônico, tecido com inteligência e emoção, com várias histórias se entrecruzando. Vencedor do National Book Award, principal prêmio literário nos EUA, o romance do irlandês Colum McCann, convidado da Flip nesse ano, parte da famosa travessia de um equilibrista entre as torres gêmeas para traçar um painel da Manhattan pós-11 de setembro, com personagens inesquecíveis, de carne, osso, sentimentos e reflexões, como o padre libertário que ajuda viciados no Bronx, ou a mãe de uma prostituta morta num acidente de carro. Um livro impactante, com várias cenas fortes, que reverberam muito depois de fechada a última página.
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| “O Problema dos Desconhecidos: Um Estudo da Ética”, de Terry Eagleton Livro raro e iluminador (Ed. Civilização Brasileira, 462 pgs., R$ 54,90), o estudo original de Eagleton, também presente na Flip no meio do ano, é uma verdadeira aula de filosofia do ponto de vista das idéias da esquerda histórica, voltadas para o bem comum. Baseado nos três registros elaborados por Lacan – Imaginário, Simbólico e Real -, Eagleton expõe e explica o pensamento de nomes como Espinosa, Kant, Schopenhauer, Freud e Badiou, entre outros, e propõe uma leitura radicalmente humanista do mundo atual. Um diferencial importante é a clareza e o senso de humor do polêmico estudioso, também bastante conhecido por seus livros sobre literatura, como o influente “Teoria da Literatura: Uma Introdução”.
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