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Mostra em SP homenageia Wesley Duke Lee, pioneiro dos "happenings"

Obra "O Nome do Cadeado é: As Circunstâncias e Seus Guardiões" (1966), de Wesley Duke Lee - Divulgação / Acervo do artista
Obra "O Nome do Cadeado é: As Circunstâncias e Seus Guardiões" (1966), de Wesley Duke Lee Imagem: Divulgação / Acervo do artista

Da Redação

23/10/2010 10h00

A Pinakotheke São Paulo abre para convidados, neste sábado (23), a mostra “Wesley Duke Lee”, com cerca de 60 obras --entre pinturas, desenhos e instalações-- do artista que morreu aos 78 anos em setembro deste ano. A maior parte do material nunca foi exibida publicamente ou está há decadas sem ser vista. Wesley Duke Lee foi um pioneiro da linguagem contemporânea nas artes plásticas no Brasil, ao realizar pinturas com colagens, "happenings" e criar ambientes instalativos, já nos anos 1960.

As obras selecionadas cobrem um período desde os anos 1950 ao final dos anos 1990 e são divididas em quatro ambientes. Em cada uma das salas haverá exibição de trechos de uma longa entrevista dada à TV Cultura em 1991, em que Wesley Duke Lee fala sobre as diversas fases de sua trajetória.

  • Folhapress

    O artista Wesley Duke Lee, fundador do Grupo Rex e pioneiro dos "happenings"

Ineditismo
A data de abertura da mostra é a mesma da histórica ação "O Grande Espetáculo das Artes", no paulistano João Sebastião Bar, em 1963, que costuma ser apontada como o primeiro "happening" no Brasil. “Wesley Duke Lee” traz aos visitantes um making of em imagens fotográficas da performance, com Maria Cecília Gismondi filmada por Otto Stupakoff. 

A decisão de fazer a exposição em um bar foi uma atitude de revolta contra galerias e instituições que rejeitaram seus desenhos da série “Ligas” --hoje considerada uma das mais importantes da trajetória do artista--, inspirados em Lydia Chamis, e que fazem alusão à prática japonesa de atar mulheres nuas com cintos e faixas. À época, o espetáculo polemizou ainda mais porque continha a simulação de um striptease.

A exposição terá ainda obras emblemáticas como “O Um (O Macaco)”, “O Nome do Cadeado é: As Circunstâncias e Seus Guardiões”, “Yukiko-e (A Zona 19 a 45)” --um políptico com quase 4m exposto em Tóquio em 1965-- e as instalações, na época chamadas “ambientes”.

Grupo Rex
Neto de norte-americanos e portugueses, Duke Lee nasceu na capital paulista em 1931. Iniciou seus estudos no curso de desenho livre do Masp nos anos 1950 e, na década seguinte, ajudou a consolidar um movimento chamado de realismo mágico ao lado de artistas como Bernardo Cid, Otto Stupakoff e Pedro Manuel-Gismondi. Já em 1966, com Nelson Leirner e Geraldo de Barros, fundou o Grupo Rex, cuja atuação foi marcada pelo humor e crítica ao sistema de arte. Participaram também do Rex os artistas José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser.

Entre suas principais premiações destacam-se as da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) --de melhor pintor paulista do ano (1976) e de exposição retrospectiva de 1993, recebida em 1994.

Duke Lee se dizia influenciado pelo movimento dadaísta europeu -- que resultou na pop art americana --, e pela publicidade, sobretudo pelas cores puras que fazia uso em suas obras.


"WESLEY DUKE LEE"
Quando: visitação pública de 25 de outubro a 4 de dezembro de 2010. De segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 16h
Onde: Pinakotheke São Paulo (r. Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, São Paulo-SP)
Quanto: grátis
Informações: 0/xx/11/3758-5202 e site da Pinakotheke São Paulo.