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Destaque na arte contemporânea, Sandra Cinto espalha obras por instituições de SP

A artista brasileira Sandra Cinto na Cidade Universitária, em São Paulo - Edu Garcia / UOL
A artista brasileira Sandra Cinto na Cidade Universitária, em São Paulo Imagem: Edu Garcia / UOL

MARIO GIOIA<br>Colaboração para o UOL

14/07/2010 13h46

Sandra Cinto é uma figura querida na cena da arte contemporânea paulistana. A abertura da mostra "Imitação da Água", no Instituto Tomie Ohtake, no último dia 5, uma segunda-feira, lotou os amplos espaços do prédio desenhado por Ruy Ohtake, reunindo diversas gerações de artistas, críticos de arte, curadores, galeristas, colecionadores de peso e diretores de instituições.

Apesar do prestígio, é difícil acreditar que a artista de 42 anos, que explodiu nos anos 90, tenha só agora realizado a sua primeira individual em uma instituição na cidade onde mora. "Imitação da Água" impressionou grande parte do público, que observava com espanto, entre outros espaços, uma sala circular de grandes dimensões, onde mares, ondas e águas foram pintados com caneta permanente prateada, provocando um grande impacto plástico.

Mas não é a única exposição em São Paulo na qual pode ser visto o trabalho de Cinto. Ela ainda está presente em "Dez Anos do Clube de Colecionadores de Fotografia", no MAM paulistano, com curadoria de Eder Chiodetto e que segue até o dia 29 de agosto. Também participa de "Cadavre Exquis", coletiva organizada por Débora Bolsoni e Fernanda Lopes no CCSP (Centro Cultural São Paulo), em cartaz até 8 de agosto. Além disso, ao lado do marido Albano Afonso, outro egresso da geração 90, coordena a coletiva "Ateliê Fidalga no Paço das Artes", que vai até 29 de agosto na instituição paulistana.

  • Divulgação

    Detalhe de obra da artista que está em mostra no Instituto Tomie Ohtake, em SP, "Imitação da Água"

"É um momento mais maduro da minha carreira", avalia ela, que já teve quatro individuais na galeria Tanya Bonakdar, em Nova York, a mesma dos estrelados Olafur Eliasson e Tomas Saraceno. Cinto também trabalha com a galeria Carlos Carvalho, em Portugal. O reconhecimento no exterior veio, segundo ela, depois da 24ª Bienal de São Paulo, em 1998, com curadoria de Paulo Herkenhoff. "Foi um divisor de águas. Conheceram o meu trabalho a partir do que apresentei na exposição e, depois, não parei mais", conta a artista.

"Imitação da Água" apresenta série já exibida em mostras em Nova York, Buenos Aires, em Belo Horizonte, na Espanha e em Portugal. "Tinha mostrado os mares em todos esses lugares, mas o público de São Paulo ainda não os tinha visto. Achei importante exibi-los", diz ela.

Cinto começa a exposição com a sala circular, frente à massa pictórica de tom prateado que captura o olhar. "A sala circular foi perfeita para que eu conseguisse trazer o público para esse mar aberto", afirma ela. "O espaço quase não foi usado para obras como essa, o comum foi a apresentação de vídeos aqui."

A segunda sala evoca a tormenta. Para isso, a artista pintou com um azul escuro as paredes do espaço e espalhou sete telas em sentido vertical (assemelhando-se à pintura oriental), que exibem mares revoltos em uma noite inquieta. "É o momento mais dramático da mostra. Queria o público num movimento de imersão nessa intranquilidade", conta. Uma mesa quebrada e centenas de barquinhos de papel dispostos sem linearidade pelo chão completam a sala.

A última sala traz o amanhecer, onde as telas reunidas, em um fundo branco, compõem uma paisagem mais plácida. É, na verdade, uma instalação, também formada por um banco de madeira, "Porto", de onde se pode enxergar por inteiro os quadros. O móvel é apoiado estavelmente, em uma de suas pontas, por livros de verdade, de autores como João Cabral de Melo Neto, Rainer Maria Rilke, Edgar Allan Poe. O naufrágio, assim, ganha um fecho relacionado às letras e que dialoga com a visualidade ambiciosa proposta pela artista.


"SANDRA CINTO - IMITAÇÃO DA ÁGUA"
Quando:
de terça a domingo, das 11h às 20h; até 1º/8
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca

"DEZ ANOS DO CLUBE DE COLECIONADORES DE FOTOGRAFIA"
Quando:
de terça a domingo, das 10h às 18h; até 29/8
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1300)
Quanto: R$ 5,50; aos domingos, entrada franca

"CADAVRE EXQUIS"
Quando:
de terça a sexta, das 10h às 20h, e sábado e domingo, das 10h às 17h; até 8/8
Onde: CCSP (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3397-4002)
Quanto: entrada franca

"ATELIÊ FIDALGA NO PAÇO DAS ARTES"
Quando:
de terça a sexta, das 11h30 às 19h, e sábado e domingo, das 12h30 às 17h30; até 29/8
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, tel. 0/xx/11/3814-4832)
Quanto: entrada franca