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Ato simbólico e encenação concluem nesta quarta processo de anistia de Zé Celso

Da Redação

06/04/2010 17h12

DIRETOR ZÉ CELSO COMENTA PROCESSO DE ANISTIA

Nesta quarta-feira (7), a partir das 14h no Teatro Oficina, o ator e diretor José Celso Martinez Corrêa participa, ao lado de representantes do governo, de um julgamento especial no qual receberá o perdão oficial do Estado, concluindo seu processo de anistia política, cuja tramitação na Justiça dura desde 2002.

Aberto ao público e gratuito, o ato simbólico faz parte das "Caravanas da Anistia", sessões públicas itinerantes de apreciação de requerimentos de anistia política, promovidas pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Trata-se de uma política pública de educação em direitos humanos, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a memória política brasileira, em especial do período da ditadura militar. Na cerimônia também será anunciado o valor indenizatório a ser pago pelo Estado a Zé Celso.

Após a sessão oficial de julgamento, o diretor artístico Zé Celso, que está há 51 de seus 73 anos (recém-completados em 30 de março último) à frente da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, encenará o espetáculo “O Banquete”, baseada no diálogo escrito por Platão e que constitui homenagem ao deus Eros e ao amor.

Por muitos anos, tentei recalcar para poder sobreviver e viver de novo os danos causados pela ditadura no meu corpo, na minha alma, no meu trabalho profissional e no de minha criação, o que vale também para o corpo físico do Teatro Oficina, para sua alma, para os trabalho de todos que se deram, e para a nossa contribuição à criação e à cultura brasileira. Posso afirmar mesmo que a ditadura operou sobre mim e o Oficina, o que Glauber Rocha chamava de assassinato cultural...”

Trecho do depoimento de Zé Celso no pedido oficial de indenização.

Histórico
José Celso Martinez Corrêa foi abordado por agentes da ditadura militar no dia 22 de maio de 1974. Ele foi encapuzado e levado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na capital paulista, onde passaria quase um mês. Durante sua prisão, sofreu tortura e ficou confinado em uma solitária. A motivação da prisão, no entanto, nunca foi revelada.

O diretor foi solto em 17 de junho de 1974 e permaneceu em liberdade condicional, tendo de se apresentar semanalmente ao Dops. Sem nenhuma condição de trabalho no Brasil, a Comunidade Oficina Samba - o antigo grupo Oficina - se organizou ao longo daquele ano e, a partir de setembro, partiu para Portugal.

O exílio durou aproximadamente cinco anos e o grupo trabalhou com teatro e cinema em Lisboa, Moçambique, Paris e Londres. A partir de 1979, Zé Celso e os artistas do Oficina voltaram ao país e iniciaram um movimento de renovação do grupo.

Outros indenizados
Além de José Celso, outros artistas brasileiros também foram beneficiados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em especial os fundadores do semanário “O Pasquim”, em 1969. Os cartunistas Jaguar (Sérgio Jaguaribe) e Ziraldo receberam, respectivamente, R$ 1.027.383,29 e R$ 1.000.253,24, além do direito a vencimentos mensais até a morte de R$ 4.375,88.


35ª CARAVANA DA ANISTIA (Sessão Especial de Requerimento de Anistia Política) / “O BANQUETE”, DE JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
Quando: dia 7 de abril de 2010, a partir das 14h
Onde: Teatro Oficina (rua Jaceguai, 520, Bela Vista. Tel.: 0/xx/11 3104-0678)
Quanto: Grátis (retirada de ingresso no local a partir de 11h).
Mais informações: www.teatroficina.com.br