Masp exibe 178 obras de Marc Chagall, expoente da gravura do século 20

Da Redação

  • Divulgação/Marc Chagall

    Obra "Prise de Jérusalem" ("Tomada de Jerusalém"), uma água-forte aquarelada sobre papel

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) inaugura neste sábado (23) exposição com 178 gravuras do bielorusso Marc Chagall, um dos maiores expoentes da gravura do século 20. "O Mundo Mágico de Marc Chagall - Gravuras" inclui 23 gravuras de "As Fábulas de La Fontaine" (anos 20) e as séries completas de "A Bíblia" (anos 30) e "Dafne e Cloé" (anos 50), inéditas no Brasil.

Segundo o curador Fabio Magalhães, a mostra paulista é diferente da que passou por Belo Horizonte (agosto a outubro) e Rio de Janeiro (outubro a dezembro) no ano passado. "O material já estava há muito tempo fora do acervo original e tivemos de renegociar prazo de devolução. Conseguimos prorrogar a permanência das gravuras, que são a essência deste evento. Em Minas Gerais, tivemos a mostra completa, com pinturas, esculturas, desenhos e guaches. Já no Rio, não tivemos a presença das peças que Chagall produziu em sua passagem pela Rússia, que estarão aqui no Masp", explica.

Destaques
Um dos destaques da mostra de Marc Chagall são 23 gravuras que compõem a série "Les Fables de La Fontaine" ("As Fábulas de La Fontaine"), encomendada pelo marchand e crítico de arte Ambroise Vollard. Entre 1926 e 1927, o artista produziu cem guaches representativos das fábulas (1621-1695), que foram expostas em 1930 em Paris, Bruxelas e Berlim, e acabaram se dispersando quando comercializadas. Isto acabou tornando praticamente impossível a reunião integral da série.

  • AP

    Marc Chagall em Nova York (EUA), em 1966: obras no Masp

Antes de finalizar as gravuras para esta série, Chagall recebeu de Vollard o pedido para que realizasse um conjunto que batizaria de "La Bible" ("A Bíblia"), com 105 gravuras. O artista trabalhou no tema de 1931 a 1939, quando visitou a Palestina para ver de perto o palco dos acontecimentos bíblicos. A série integral destas obras, aquareladas à mão pelo artista, estão apresentadas agora no Masp. "O que chama a atenção neste trabalho é que ele foi concebido durante um momento histórico muito conturbado. Vivíamos o período de ascensão do nazismo, com Hitler no poder e na iminência de uma Segunda Guerra Mundial. Havia grande repressão contra judeus em toda a Europa e Chagall, influenciado pelo [pintor holandês] Rembrandt (1606-1669), passa a fazer ilustrações da Bíblia", diz Fabio Magalhães. "Ele modifica a poética do livro e, embora seus trabalhos não fossem dramáticos, acabam se tornando".

Outra série de importância na exposição é a "Daphnis et Chloé ("Dafne e Cloé"),com 42 gravuras que são fruto de duas viagens de Chagall à Grécia. O artista tinha o propósito de vivenciar a atmosfera e a luminosidade da paisagem e conhecer melhor a cultura pastoril do país. A primeira visita, em 1952, proporcionou a execução dos primeiros guaches, que registram a luz mediterrânea e a experiência emocional vivida em terras gregas. Os 42 guaches foram realizados entre 1953 e 1954 e serviram como estudos preparatórios para a transposição em litografias. Para chegar ao resultado pretendido, Chagall trabalhou com o impressor Charles Sorlier no famoso estúdio de Fernand Mourlot. Foi necessário utilizar uma pedra para cada tonalidade de cor, ou seja, uma única gravura exigiu 25 pedras-matrizes.

  • Divulgação

    "À Midi, L'été" ("Ao Meio-Dia, o Verão"), de 53,8 x 38 cm

"Ao meu amigo..."
"O Mundo Mágico de Marc Chagall - Gravuras" também contará com seis gravuras que pertenceram à coleção particular de Mário de Andrade, o escritor brasileiro símbolo do modernismo. "Uma delas, hoje do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros), traz a inscrição 'Ao meu amigo desconhecido Mário de Andrade. Ass.: Chagall'. Ou seja, alguém encomendou a peça a pedido do Mário. Isto prova que ele foi o primeiro colecionador de Marc Chagall no Brasil", revela o curador Fabio Magalhães.

Trajetória
Marc Chagall (Moshe Zakharovitch Shagal) nasceu no dia 6 de julho de 1887 num bairro de judeus pobres de Vitebskna, na Bielo-Rússia (à época, pertencente ao Império Russo. Naturalizado francês, o artista participou das grandes transformações das artes plásticas no início do século 20, tornando-se um dos mais notáveis artistas de seu tempo. Apesar do intenso convívio com as tendências de vanguarda, Chagall conseguiu, desde cedo, imprimir forte personalidade aos seus trabalhos. Ele morreu em 1985 no sul da França.



"O MUNDO MÁGICO DE MARC CHAGALL - GRAVURAS"
Quando: de 23 de janeiro a 28 de março de 2010
Onde: Museu de Arte de São Paulo - Masp (Av. Paulista, 1578, São Paulo; de terças a domingos e feriados, das 11h às 18h. Às quintas, das 11h às 20h)
Quanto: R$ 15 (meia R$ 7). Gratuito até 10 anos e acima de 60 anos. No aniversário da cidade de São Paulo (25), o museu abre excepcionalmente suas portas e não cobrará ingressos. Às terças-feiras a entrada é gratuita para todos.
Informações: 0/xx/11/3251-5644 (dúvidas sobre visitas orientadas no ramal 2112) e site http://www.masp.art.br/masp2010/

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