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Gianecchini fala sobre sexualidade e defende "liberdade de ser o que quiser"

Alicia Civita

Da EFE, em Miami

01/09/2020 04h41Atualizada em 01/09/2020 08h47

O ator Reynaldo Gianecchini falou em entrevista à EFE sobre sua sobre sexualidade, defendo a liberdade das pessoas e evitando definições.

"Nunca quis levantar nenhuma bandeira. Acredito na liberdade de ser o que cada um quiser ser. Acredito que todo mundo tem muitos lados dentro de si mesmo e que a sexualidade reflete muito isso. Não tenho medo de olhar além. Eu não me encaixo em nenhuma definição", disse.

Gianecchini também ponderou sobre o impacto de falar abertamente da sua sexualidade na vida das pessoas, considerando sua fama.

"dizem que sou gay, mas não me considero assim. Eu me considero tudo ao mesmo tempo. Se existir uma palavra para mim, então é 'pan' [pansexual], porque 'pan' é tudo', completou.

O ator de "A Dona do Pedaço" agora vai ser acompanhado por quem mora nos Estados Unidos.

A novela da Globo começou a ser exibida ontem no canal em língua espanhola Univision, com o nome de "Dulce Ambición".

"Estamos em um momento muito importante para quebrar várias coisas negativas, como o racismo, a homofobia e os padrões que impedem que as pessoas sejam como são. Um momento para que as pessoas não sejam mais julgadas ou discriminadas, que não sejam afastadas porque são diferentes da maioria. Se tenho alguma luta, é pela liberdade", afirmou.

IMPACTO DA REVELAÇÃO.

O ator, de 47 anos, que foi casado com a jornalista Marília Gabriela entre 1998 e 2006, afirmou reconhecer o impacto que a sua decisão de abrir as portas para a própria sexualidade teve desde que concedeu uma entrevista sobre o assunto, em setembro de 2019.

"Acho que o papel do artista também é de se comunicar de uma forma que possa ajudar a sociedade. Acredito nisso", analisou.

Gianecchini estreou como ator de novelas no ano 2000, quando interpretou o jovem estudante de medicina Edu em "Laços de Família", e não tem o costume de olhar para trás. O câncer que descobriu em 2011 o deixou ancorado no presente. Ao se ver em capítulos antigos, a sensação é, às vezes, é de "desespero".

"Às vezes, gostaria de poder voltar a interpretar o Edu, com toda a experiência como ator que tenho agora. Algumas cenas ficaram horríveis", confessou o ator, embora reconheça que a "inocência" tenha sido um dos motivos pelos quais se apaixonou pelo personagem.

PLAYBOY RÉGIS MANTOVANI.

A última novela de Gianecchini antes da pandemia de Covid-19 foi justamente "A Dona do Pedaço", no papel de Régis, um vilão inicialmente típico, mas que ao longo da história desenvolve uma complexidade inesperada.

"Gosto muito do Walcyr Carrasco (autor da trama), porque, geralmente, os personagens dele nunca são uma coisa só, tem de tudo dentro deles. Meu personagem muda muito. Ele começa querendo se aproveitar de uma mulher que é maravilhosa, encantadora e que inspira muita gente. Então ele começa a se inspirar também, e a grande pergunta é se vai conseguir dar o golpe", disse.

Na opinião de Gianecchini, o sucesso de "A Dona do Pedaço" reforça o formato das novelas brasileiras.

"Tem gente que diz que esse tipo de novela vai acabar, por ser algo muito longo, complicado, com muitos capítulos. Sim, é uma loucura continuar fazendo novelas enquanto as séries de hoje são curtas e dão a oportunidade de cuidar mais dos detalhes, com qualidade", refletiu.

No entanto, o ator afirmou que seria "um erro" acabar com as novelas, porque "as pessoas no Brasil e na América Latina têm a cultura de novela, estão acostumadas com esse estilo". EFE

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