Livro sobre coronavírus vai registrar memórias do isolamento em São Paulo
Sem poder comemorar o aniversário de sua editora, sediada em São Paulo, devido à pandemia do coronavírus, os fundadores do negócio decidiram criar um livro sobre este momento do Brasil e não deixar "passar em branco" o legado do mercado de livros, que sofre com a digitalização e fechamento das livrarias no país.
Para isso, a Editora Alameda, de São Paulo, lançará na próxima sexta-feira, em versão digital, a obra "Histórias da Pandemia", a primeira no Brasil a tratar do coronavírus e de suas consequências a partir do olhar da literatura e da ficção.
O livro reúne dez contos de dez autores convidados pela editora para escrever "histórias e metáforas de momentos de isolamento social", como contou à Agência Efe o fundador do projeto, Haroldo Cevarolo.
"O livro é de ficção. Estávamos nos preparando para ter uma festa de 16 anos da editora, mas veio a pandemia e fomos para casa, todo mundo de home office. A editora ficou toda virtual e, para não passar a data, pensamos em elaborar uma edição de livro comemorativa com outro olhar da pandemia: boa literatura sobre esses momentos", explicou.
A publicação será distribuída gratuitamente por e-mail, e, para os interessados na versão em papel, a editora irá imprimir algumas cópias sob demanda. De acordo com Cevarolo, a função do livro, além de comemorar o aniversário da editora sem festa presencial, é "oferecer um mergulho racional e literário pelo debate político e científico do coronavírus em um recorte artístico, mais leve".
O editor ressaltou que a pandemia acelerou a crise econômica do mercado editorial, que vem deixando de capitalizar-se especialmente por causa do surgimento e monopólio de plataformas digitais, como a Amazon, e pela falta de políticas públicas que assegurem diretrizes de comercialização de livros de pequenas e médias empresas.
"O que está acontecendo no mercado de livros é bastante dramático e não sabemos quem vai sair isso. Vínhamos de um processo de monopolização da distribuição pela Amazon, fechamento de livrarias, e, com o agravante desta situação, estamos mais na crise do que os outros setores. São menos títulos, menos livrarias, menos dinheiro circulando no mercado", detalhou à Efe.
Cevarolo criticou os governos estadual e federal por "burocratizar" e "não criar condições para pequenas e médias empresas de livros" produzir e, principalmente, distribuir os títulos pelo Brasil, considerando que a impressão e o envio do material custa caro para os editores.
Embora "Histórias da Pandemia" não tenha tiragem estipulada, o fundador da Editora Alameda, acredita na publicação como uma forma de registro e de luta pelo setor, mesmo sem poder abrir as portas e vender as edições.
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