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Sebastião Salgado dedica prêmio às vítimas que fotografou e critica Bolsonaro

20/10/2019 11h05

Berlim, 20 out (EFE).- O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que recebeu o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão neste domingo, dedicou a conquista a todas as vítimas das tragédias que fotografou e aproveitou o discurso para novamente criticar o presidente Jair Bolsonaro, como já havia feito na sexta-feira.

"Quero compartilhar este prêmio com todos que permitiram que eu os fotografasse para que as suas tragédias fossem conhecidas pelo mundo", declarou o brasileiro durante a premiação na Igreja de São Paulo, em Frankfurt.

Ao longo do discurso, Salgado contou um pouco da trajetória que o levou a muitas partes do mundo para documentar situações extremas e depois a diversos paraísos naturais, o que fez para se recuperar do desespero após ter trabalhado como fotógrafo no genocídio de Ruanda.

"Esse genocídio poderia ter sido evitado se a Europa e a ONU tivessem interferido. Todo mundo sabia o que estava acontecendo e ninguém fez nada", denunciou.

Ao falar sobre as viagens à Amazônia, Salgado voltou a criticar Bolsonaro pelas políticas relacionadas aos povos indígenas e ao meio ambiente.

"A Amazônia está nas notícias agora pela política criminosa do presidente brasileiro. Os povos indígenas vivem com medo. A agricultura industrial destrói cada vez mais a floresta", analisou.

Apesar de todas as situações críticas que já presenciou, Sebastião Salgado disse que continua tendo certa esperança porque "o futuro do planeta está nas nossas mãos".

"Não podemos negar o dano que podemos fazer, pois o ser humano pode ser um lobo para o homem. Mas o futuro do planeta está nas nossas mãos", argumentou.

De acordo com o prestigiado fotógrafo, o prêmio recebido neste domingo reconhece um trabalho desenvolvido durante quase 50 anos e toda a sua vida.

"Corrijo-me, a nossa vida. A de Lélia (Wanick Salgado, esposa do fotógrafo) e eu. Tudo o que fiz não teria sido possível sem Lélia. Ela me levou à fotografia, ela editou os meus livros, ela me devolveu a esperança e salvou a minha vida quando voltei de Ruanda", comentou. EFE