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Richard Gere chega aos 70 anos mais dedicado ao ativismo que ao cinema

Richard Gere - Getty Images
Richard Gere Imagem: Getty Images

Ricardo Caulín

Da EFE em Madrid

31/08/2019 07h11

Richard Gere ganhou fama mundial com os papéis de sedutor em "Gigolô Americano" (1980), "A Força do Destino" (1982) e "Uma Linda Mulher" (1990), mas sempre se caracterizou por um forte compromisso social e, agora, que chega aos 70 anos neste sábado, está mais imerso do que nunca no ativismo político.

Embora continue ligado ao mundo do cinema, as últimas aparições públicas do ator estão associadas ao lado humanitário. No último dia 9, Gere levou mantimentos aos migrantes resgatados pela ONG espanhola Open Arms, que passaram quase um mês em um navio no Mediterrâneo à espera do amparo de algum país.

Esse tipo de atividade, além das constantes críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou a fazer parte do novo estilo de vida de Gere, embora os fãs ainda tenham na memória a imagem do galã que conquistou o cinema nos 80 e 90.

O primeiro passo para a fama foi em 1980, com "Gigolô Americano". O bom desempenho no papel de jovem sedutor o levou a filmes como "A Força do Destino", de 1982, pelo qual foi indicado pela primeira vez ao Globo de Ouro. O papel de oficial da Marinha fez sucesso, e o uniforme branco usado no longa-metragem marcou toda uma geração.

Depois, Francis Ford Coppola escalou o ator como protagonista em "Cotton Club" (1984), no papel de um atraente trompetista. Mas o filme que o consagrou no cinema foi "Uma Linda Mulher" (1990), no qual encarnou um homem de negócios que conhece em Hollywood uma prostituta interpretada por Julia Roberts.

Durante a década de 90, Gere protagonizou diversos filmes, como "Desejos" (1992), "As Duas Faces de um Crime" (1996) e "O Chacal" (1997), sendo finalmente premiado com o Globo de Ouro de melhor ator por "Chicago" (2002), musical que também ganhou o Oscar de melhor filme.

Richard Gere, que toca violão, trompete e piano, compôs a música de vários projetos nos quais trabalhou e conseguiu demonstrar esses talentos musicais em "Chicago" ao entoar, inclusive com coreografia, a canção "All I Care About".

Em 1993, a revista "People" classificou Gere e a então esposa, Cindy Crawford, como o casal mais atraente do ano. Seis anos depois, o ator, que já tinha se separado da modelo, foi considerado o homem mais sexy do mundo.

Mas o astro nunca se deixou levar pelo glamour da fama e desenvolveu um grande ativismo, que nos anos 90 se concentrou na luta contra a Aids e no apoio ao budismo tibetano, religião que professa desde os 24 anos.

O ator foi um dos primeiros a utilizar o apoio midiático de uma cerimônia de gala como a do Oscar para criticar a política de um país. Em 1993, em plena cerimônia, Gere denunciou a opressão exercida pela China no Tibete.

A denúncia contra o governo chinês, o qual acusou de exterminar 1,2 milhão de tibetanos, o fez ser considerado 'persona non grata' pelas autoridades chinesas. Hollywood também o proibiu durante anos de comparecer à cerimônia do Oscar por causa do comentário político.

Na última década, Gere se dedicou ainda mais ao ativismo, que compartilha com a terceira esposa, a publicitária espanhola Alejandra Silva, com a qual teve o segundo filho - o primeiro é fruto do casamento com a também atriz Carey Lowell.

"Convivemos com histórias trágicas de refugiados que fogem de lugares horríveis e que não encontram um lar, que são rejeitados em todas as partes. O mundo no qual vivemos exige que tomemos uma decisão: se aceitaremos a nossa responsabilidade ou não", afirmou o ator em recente entrevista à Agência Efe.