Canal de TV ucraniano cancela exibição de filme de Oliver Stone após ataques
Kiev, 15 jul (EFE).- A emissora de televisão ucraniana "112 Ukraine" decidiu nesta segunda-feira cancelar a exibição do documentário "Revelando a Ucrânia", do diretor americano Oliver Stone, que inclui no filme uma entrevista do presidente da Rússia, Vladimir Putin, depois que o canal recebeu graves ameaças e sofreu um ataque de extremistas com lança-granadas.
A estreia na Ucrânia do documentário, que também contém uma entrevista com o político pró-Rússia Viktor Medvedchuk, amigo de Putin, gerou polêmica em alguns setores da sociedade, especialmente entre os radicais e o governo.
O Ministério de Informação Pública da Ucrânia disse na última sexta-feira que o canal não deveria exibir "um filme propagandístico" que "ameaça a segurança de informação" do país e considerou "inaceitável a exibição de materiais audiovisuais que abertamente divulgam uma narrativa anti-ucraniana da propaganda do Kremlin e manipulações utilizadas pela Federação Russa em sua guerra híbrida contra a Ucrânia".
O documentário relata os protestos pró-europeístas que derrubaram o então presidente Viktor Yanukovich (2010-2014), a guerra no leste da Ucrânia, a detenção dos marinheiros ucranianos pela Guarda Costeira da Rússia e a suposta interferência de Kiev nas eleições presidenciais de 2016.
Além disso, aborda a relação de Paul Manafort, ex-chefe de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o pró-Rússia Yanukovich, de quem tinha recebido US$ 12,7 milhões para assessorá-lo.
A emissora ucraniana anunciou a decisão de não exibir o filme após ouvir o conselho editorial internacional do canal, que recomendou não divulgá-lo para proteger, principalmente, os funcionários da empresa.
A decisão também tem a ver com os "ataques terroristas cometidos, a ameaça à vida e à saúde dos jornalistas e a viabilidade das ameaças do chefe da organização Nebaiduzhi ("Indiferente" em ucraniano, de extrema-direita), Serhiy Sternenko, a despreocupação do governo e a incapacidade de proteger plenamente os direitos dos jornalistas caso haja sanções contra o canal".
A emissora tinha pedido previamente aos órgãos de segurança proteção aos seus trabalhadores diante das ameaças de forças radicais que "tentam interferir na política editorial do canal", mas o governo não implementou medidas, segundo o "112 Ukraine".
No sábado, membros de grupos radicais atacaram o edifício do canal ucraniano com o que pareciam ser lança-granadas, segundo a própria emissora, que qualificou o ato de "ataque terrorista", no qual não houve vítimas. EFE
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