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Agências de notícias debatem em Sófia como enfrentar desafio da desinformação

13/06/2019 12h18

Sófia, 13 jun (EFE).- Diretores de quase 100 agências de notícias de todo o mundo debatem a partir desta quinta-feira, em Sófia, como fazer frente ao desafio da desinformação e como adaptar o modelo de negócio destas organizações, públicas e privadas, ao incessante avanço tecnológico.

O sexto Congresso Mundial de Agências (NAWC, na sigla em inglês) se estenderá até amanhã na capital da Bulgária sob o lema "O Futuro das Notícias", com participantes das principais organizações nacionais e internacionais, entre elas a Agência Efe.

No ato de abertura, o presidente da Bulgária, Rumen Radev, alertou sobre o perigo que representa a proliferação de notícias falsas, cujo efeito prejudicial, segundo disse, "pode superar o de bombas e mísseis".

"Hoje em dia, frequentemente, a verdade se afoga em um mar de notícias falsas. A rapidez prevalece sobre a veracidade. As palavras perdem a batalha para o ódio", afirmou o presidente búlgaro.

Diante deste cenário, a grande "missão das agências" consiste, segundo Radev, em "assegurar uma informação acessível, objetiva, livre de censura e autocensura".

Radev chegou a comparar o trabalho dos jornalistas de agências com sua anterior profissão, a de comandante das Forças Aéreas de seu país.

"A informação é fundamental para que um piloto possa reagir corretamente e a tempo. A avaliação correta da situação é o mais importante para tomar decisões que podem acabar com a vida de alguém", argumentou.

Já o ministro da Cultura búlgaro, Boil Banov, denunciou o dano causado pela desinformação, que classificou como falsidades que "achatam a democracia, a destroem".

"Os senhores são pessoas das quais depende nossa liberdade", completou o ministro, se dirigindo ao plenário.

Por sua vez, o presidente do Conselho Mundial de Agências e diretor-executivo da britânica Press Association, Clive Marshall, destacou que os desafios aumentaram desde a realização do último congresso de agências, em 2016, na capital do Azerbaijão, Baku.

A queda das vendas, a fragmentação dos mercados, a multiplicidade de plataformas e o apetite pelas redes sociais reforçaram a pressão sofrida por agências de notícias.

Marshall chamou também a atenção para o fato de que muitos governantes, começando pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusam os meios de comunicação de divulgar notícias falsas quando uma informação crítica não lhes agrada, com o objetivo de minar o trabalho do jornalismo sério.

Durante a primeira sessão, o diretor do Instituto Reuters para o Ensino do Jornalismo, Rasmus Nielsen, apresentou as conclusões do último relatório publicado nesta mesma semana sobre o uso dos fluxos de informação na internet.

Com exceção dos EUA, do Reino Unido e dos países nórdicos, onde houve um aumento, a porcentagem de cidadãos que paga uma assinatura de algum meio de comunicação segue estancado em termos gerais.

Ao contrário, o relatório revela um crescimento no consumo de informação em formato podcast, sobretudo entre os mais jovens, que buscam neste produto não só entretenimento, mas também conhecimento e informação.

Nesse cenário, o diretor-executivo da International News Media Association (INMA), Earl Wilkinson, uma aliança de veículos de imprensa em busca de novos modelos de negócio, reforçou que o conceito-chave para o crescimento do negócio é a confiança. EFE