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"Minha grande esperança é fazer uma série", diz Santiago Segura

12/04/2019 14h30

Madri, 12 abr (EFE).- Ator, roteirista, diretor e produtor, Santiago Segura já fez quase tudo no cinema espanhol, e como forma de coroar seu grande sucesso na sétima arte, apresentará novamente, em 12 de maio, o Prêmio Platino do Cinema Ibero-Americano.

Porém, apesar de todo sucesso no cinema e na televisão, Santiago tem novos sonhos. "Desde o surgimento das plataformas, meu grande sonho é fazer uma série", afirmou em entrevista à Agência Efe.

No entanto, tudo isso não passa de ideias. "Estou com o teatro - um show de humor - e com a montagem de 'Padre no hay más que uno', que será minha primeira comédia familiar", disse.

O Prêmio Platino será entregue em uma cerimônia que acontecerá na Riviera Maya, no Caribe Mexicano, no dia 12 de maio.

O filme de Alfonso Cuáron, "Roma", larga como favorito, junto com o colombiano "Pássaros de Verão" e o paraguaio "As Herdeiras".

Santiago foi convidado para apresentar a cerimônia de premiação e será acompanhado no palco pela atriz mexicana Cecilia Suárez ("La Casa de Las Flores").

Esta será a segunda vez do espanhol como apresentador do prêmio, o que para ele é uma grande honra.

"Adorei apresentar o prêmio no Uruguai em 2016 e sempre me fascinaram a entrega dos prêmios. Já que não os recebo, pelo menos os entrego", disse Santiago.

Como grande admirador de premiações, Santiago disse que as mesmas dão visibilidade para os trabalhos cinematográficos.

"Os prêmios são uma vitrine, uma plataforma para conhecer pessoas e fazer contatos. É muito bom".

Além de escrever roteiros e dirigir longas, Santiago coproduziu filmes com a Argentina, o que para ele abre as portas para produções com outros países latino-americanos.

"Não penso em nada nesse momento, mas não me importaria em coproduzir com México, Colômbia, Chile... Com a Argentina foi simples porque tenho a sorte de ser meu segundo lar, todo mundo me conhece por lá, é maravilhoso", comentou o ator e diretor.

Sobre a noite de premiação na Riviera Maya, Santiago antecipou poucas coisas.

"Eu gostaria de antecipar algo, mas não sei. Sempre há shows musicais e acredito que Raphael (Platino de Honra 2019) será uma delas. Queremos que seja o mais divertido possível dentro do que é uma cerimônia de prêmios, que costuma ser longa".

Para o espanhol, a iniciativa da Academia de Hollywood de colocar regras para que as plataformas não possam concorrer aos prêmios é "remar contra a maré".

"Eu gosto muitíssimo de 'Roma', e com o Oscar que ganhou parece que larga como favorito ao Prêmio Platino. Falando nisso, a Academia de Hollywood está remando contra a maré. Na Netflix acontece de tudo. Eles vão comprar o Egyptian Theater de Los Angeles, eles vão fazer suas próprias normas. É um gigante, ir contra eles é tentar sair de uma inundação com um patinho de borracha. É preciso tentar que nos favoreça, não pensar que é o inimigo do cinema", comentou o ator.

Ao mesmo tempo, Santiago acredita que seja preciso impor um limite às plataformas.

"Também não me parece ruim ter um limite. Poderiam criar seus próprios prêmios, já que jogam contra as regras. Não me parece intolerante por parte da velha indústria que ponham limites, também não vai abrir as pernas", brincou.

Em relação ao setor audiovisual da Espanha, Santiago disse que passa por um bom momento, com alguns especialistas dizendo que passa por um boom, um momento de explosão, mas "apesar dos bons ventos, é algo incerto".

"Desde que faço isto ouvi falar da crise e do 'boom' do cinema espanhol. Sempre para alguns vai bem e para outros não. Mas é certo que é um bom momento para os conteúdos e para os que gostam de contar histórias, porque há opções", comentou.

"Desde que surgiram as plataformas, a minha grande esperança é fazer uma série. Sempre gostei, mas a televisão generalista me dá pânico. O bom das plataformas é que as pessoas escolhem, ninguém vai me humilhar pela audiência", disse.

Santiago, que não para, já pensa no futuro. "Tenho algumas ideias para trabalhos futuros, mas agora estou com o teatro e montando meu próximo filme. Não sou como as mulheres que podem fazer várias coisas ao mesmo tempo", declarou o artista polifacético.

Apesar de muitos trabalhos de sucesso, Santiago destacou alguns momentos que o fizeram sentir orgulho de sua profissão e de suas escolhas.

"Em Masterchef (por exemplo), acredito que me superei. Um dos meus ídolos, Jordi Cruz, disse que era virtuoso. Quando alguém que você admira, te faz um elogio... Berlanga me disse uma vez que uma cena de "Torrente" era sua favorita do cinema espanhol recente. Isso te recompensa de todas as coisas ruins que você passa", explicou o artista.

Santiago disse que já não se interessa em fazer filmes pesados, com assuntos espinhosos, apesar de seu próximo longa se tratar de uma comédia sobre um pai que é abandonado com cinco filhos, parecendo um acerto de contas com o machismo.

"Sempre pensei que a Espanha é uma sociedade muito machista e gosto de ver que há avanços, mas são tantos anos com este problema que a mudança não pode ser radical. Para um senhor de 70 anos é complicado explicar como o mundo avançou e fazê-lo acreditar nisso", concluiu Santiago. EFE