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Cuarón, "Roma" e o desafio de fazer história no Oscar

22/02/2019 07h07

David Villafranca.

Los Angeles (EUA), 22 fev (EFE).- Após chamar a atenção de todos os cinéfilos ao longo da temporada, "Roma" encara o desafio final na cerimônia do Oscar, na qual, entre outros recordes, pode se tornar o primeiro filme em espanhol a ganhar a estatueta de melhor filme.

Tudo que cerca o aclamado longa-metragem do diretor mexicano Alfonso Cuarón, que lidera as indicações ao Oscar marcando presença em dez categorias (assim como "A Favorita"), aponta para o incomum.

Com fotografia em preto e branco, gravado com uma câmera 65 milímetros e um som que explora todas as possibilidades do sistema Dolby Atmos, este relato pessoal sobre a infância de Cuarón e a sua relação com a babá Libo já fez história ao ser o primeiro filme em língua espanhola a concorrer à principal categoria do evento.

"Roma" também pode render o primeiro Oscar de melhor filme para uma plataforma digital, neste caso a Netflix, o que seria um sinal claro dos novos tempos no cinema.

O longa-metragem ainda consagrará o México caso leve o Oscar de melhor filme estrangeiro, prêmio que o cinema mexicano ainda não tem embora já tenha chegado forte à disputa com "Amores Brutos" (2000) e "O Labirinto do Fauno" (2006).

Outro enorme desafio de "Roma" é ser a primeira obra a receber o Oscar de melhor filme e também a estatueta de melhor filme estrangeiro.

Concorrendo em quatro categorias por "Roma" (produtor em melhor filme, melhor direção, melhor roteiro original e melhor fotografia), Cuaróon se igualou ao recorde de indicações para uma só pessoa por um mesmo filme.

Warren Beatty com "O Céu Pode Esperar" (1978) e "Reds" (1981); os irmãos Coen com "Onde os Fracos Não Têm Vez" (2007); e o compositor Alan Menken com "A Bela e a Fera" (1991) completam o seleto clube de quatro indicações por um só longa-metragem.

O diretor também tentará prolongar o excepcional momento do México no prêmio de melhor direção do Oscar. Apenas Damien Chazelle, com "La La Land: Cantando Estações", em 2017, interrompeu o domínio mexicano nos últimos anos nesta categoria.

Cuarón ganhou em 2014, com "Gravidade"; Alejandro González Iñárritu levou a melhor em 2015 e 2016, com "Birdman" e "O Regresso"; e Guillermo del Toro venceu em 2018, com "A Forma da Água".

Uma das missões mais difíceis para "Roma" será na categoria de melhor atriz, na qual Glenn Close ("A Esposa") chega como favorita. Sem experiência anterior com atuação, Yalitza Aparicio, que brilhou como Cleo no filme de Cuarón, pode se tornar a primeira artista a ganhar o Oscar de melhor atriz por um papel em língua espanhola.

Em caso de vitória, Aparicio também se juntará a atrizes como Barbra Streisand ("Funny Girl: A Garota Genial", 1968) e Julie Andrews ("Mary Poppins", 1964), que levaram o Oscar com o seu primeiro papel no cinema.

Outra mulher que já entrou para a história do Oscar graças a "Roma" é Gabriela Rodríguez, a primeira produtora latina a concorrer ao prêmio de melhor filme.

Além de Cuarón, Aparicio e Marina de Tavira, indicada à categoria de melhor atriz coadjuvante, "Roma" inclui toda uma equipe de artistas e técnicos que concorrerão aos prêmios de melhor edição de som (Sergio Díaz e Skip Lievsay), mixagem de som (Skip Lievsay, Craig Henighan e José Antonio García) e direção de arte (Eugenio Caballero e Bárbara Enríquez).

Independente do que aconteça em Los Angeles, "Roma" já pode ser considerado um filme bem-sucedido após conquistar o Leão de Ouro no Festival de Veneza, dois prêmios no Globo de Ouro (melhor direção e melhor filme estrangeiro), o Goya de melhor filme ibero-americano e quatro Bafta (incluindo melhor filme e melhor direção). EFE