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Sob a neve, Pequim diz adeus ao Ano Novo com Festival das Lanternas

19/02/2019 16h06

Javier Castro Bugarín.

Pequim, 19 fev (EFE).- Uma fina camada de neve matinal não impediu que milhares de pequineses desfrutassem nesta terça-feira do Festival das Lanternas, uma celebração na qual dragões, dançarinos e lanternas vermelhas se juntam para dar ponto final às festividades do Ano Novo chinês.

Com uma história que remonta aos tempos da dinastia Han (206-220 a.C.), a celebração, também conhecida como "yuanxiao jie", dá boas-vindas à primeira lua cheia do Ano do Porco, colocando um ponto final em duas semanas de festividades por todo o país.

A forma de celebrá-lo varia de acordo com a região, mas todos os chineses têm o costume de comer "yuanxiao" (também conhecidos como "tangyuan" no sul), um tipo de bolinho de arroz recheado de açúcar, gergelim e massa de feijão, cujo nome soa como a palavra "união".

Mas os autênticos protagonistas desta festividade são as inumeráveis lanternas de cor vermelha, conhecidas como "huadeng", que lotam ruas, postes e residências na China durante estes dias, muitos dos quais contêm enigmas, outra das principais características desta festa.

De fato, milhões dessas lanternas iluminam durante a noite as principais cidades do país, apesar de proibições como a de Pequim ao uso de pirotecnia - embora nem todos cumpram com a mesma - terem diminuído o toque tradicional do festival nos últimos anos.

Em lugares como Taiwan, a festa inclui uma procissão com lanternas e o lançamento ao céu de milhares de lanternas vermelhas, que se misturam com o cheiro do incenso queimado na ilha.

Esta celebração tinha no passado um inegável aroma romântico, pois supunha uma das poucas ocasiões do ano na qual os jovens podiam passear juntos de mãos dadas, dando origem a muitos romances à luz das lanternas iluminadas.

Contudo, milhares de moradores de Yufa (no sul de Pequim) encararam o frio e a neve esta manhã para celebrar o Festival das Lanternas na Praça da Cultura, que serviu de sede para 13 apresentações musicais e de danças tradicionais.

Além disso, duas delas são reconhecidas como patrimônio cultural intangível da China: é o caso do "wuchaozi", uma dança com pratos pequenos com mais de 300 anos de antiguidade, e do "chonggehui", outro tipo de dança proveniente da província de Hebei (norte).

Esta última é a mais impressionante e a que mais curiosos atraiu, tanto pelas maquiagens vistosas da ópera chinesa como pela enorme complexidade técnica que representa dançar com uma ou duas crianças pequenas sobre os ombros.

Entre os representantes dessa complicada coreografia está Li Jinzhe, um jovem atleta de elite que ostenta o recorde chinês de salto em distância (8,47 metros) e que pratica o "chonggehui" há mais de 15 anos.

"Descobri a dança quando sofri uma lesão na perna e estava me recuperando em casa. Foi muito útil", disse à Agência Efe o atleta, que, além disso, foi vice-campeão do mundo em sua disciplina em 2014.

"Esta é uma prática bastante arriscada que requer muito treino", acrescentou Li, que admitiu que não é necessário ser um saltador de tamanho nacional para praticar essa dança que se originou na dinastia Qing (1644-1911).

Na praça também não faltou espaço para os míticos dragões chineses e para meia dúzia de grupos musicais, que alternavam ritmos frenéticos de tambor com golpes em pratos pequenos, provocando um barulho ensurdecedor.

Não obstante, em Yufa nem todos se dedicam a celebrar o Festival das Lanternas ao ar livre: alguns recorrem aos trabalhos manuais tradicionais, confeccionando sob um teto desde as típicas máscaras chinesas até figuras de papel.

Todas essas celebrações colocam um pinto final na festividade mais importante do ano na China, ainda repleta de superstições e ritos religiosos, apesar da crescente modernização do gigante asiático. EFE