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Exposição na Holanda retrata vida de Jean-Michel Basquiat antes da fama

09/02/2019 10h01

Imane Rachidi.

Haia, 9 fev (EFE).- A obra e a vida do lendário Jean-Michel Basquiat protagonizam uma exposição no centro de arte Schunck, no sudeste da Holanda, que analisa a trajetória do artista antes da fama, sua visão peculiar sobre Nova York, a relação com Madonna e sua parceria com Andy Warhol.

"Ele alcançou a fama muito rápido. Por isso esta exposição tenta mostrar quem era Jean-Michel antes de ser Basquiat. Chegava a recolher coisas do lixo e levá-las para casa para fazer arte com elas. Uma vez ele colocou uma televisão dentro da geladeira e começou a tirar fotos disso. Estas imagens e suas anotações sobre sua arte estão na exposição", explicou à Agência Efe a diretora deste projeto, Sandra Uijlenbroek.

Basquiat, o autor da obra "Untitled" (1982), arrematada por US$ 110 milhões em um leilão em 2017, teve uma vida tão curiosa quanto suas pinturas, com sua amizade com o artista nova-iorquino Keith Herring, uma Madonna com o coração partido devido ao vício em heroína do seu admirado pintor, sua parceria com Andy Warhol e suas aventuras e experiências populares.

A exposição começa no bairro de East Village de Nova York: em 1979, Basquiat se mudou para um apartamento em um prédio em ruínas junto com sua amiga, a bióloga Alexis Adler, ambos afetados pela situação econômica de uma cidade onde reinavam as demolições, o mau cheiro nas ruas e os ratos invadindo as latas de lixo acumuladas nas esquinas.

O artista, então um garoto de 19 anos, filho de um haitiano e uma porto-riquenha, não tinha nem um dólar no bolso para comprar as telas onde podia pintar, mas ele soube aproveitar os espaços brancos nas paredes, a geladeira, a calefação, a roupa e até as portas para deixar sua arte.

"As pessoas conhecem Basquiat principalmente como um pintor, mas ele também fez música e começou como um grafiteiro na rua. Aqui focamos na etapa anterior à sua fama. É lindo ver já nos seus primeiros trabalhos os sinais do seu estilo. É outra parte da sua história para a qual não se dava muita atenção antes", destacou Uijlenbroek.

Depois do "apartamento", os visitantes desta mostra saem para "as ruas de Nova York", onde é exposta uma incrível série de fotografias de "SAMO", como Basquiat assinava sua arte no início e que apareceu, dois anos mais tarde, nas escadas de sua residência, revelando o nome real do artista.

A terceira parte se centra no "The Times Square Show" (1980), uma iniciativa do "bloco mais sórdido da América", um grupo de cem artistas, entre eles Basquiat, que apostou em mostrar seu talento nos quatro andares de um antigo bordel com videoarte, desenhos, apresentações, fotografias e música no verão de 1980.

O espetáculo, uma mostra antissistema de um novo movimento artístico, ficava aberto 24 horas por dia.

As imagens mostram Basquiat como um jovem que tinha tentado de tudo em busca do seu estilo e sua forma, um artista que começou escrevendo porque "quando você lê seus textos, você entende por que uma vez ele disse que preferia ser um escritor e não um pintor", mas que também tocou clarinete e tentou a sorte na música.

A própria rainha Máxima da Holanda, junto com Alexis Adler, inaugurou nesta semana a exposição neste centro cultural situado na cidade de Heerlen, perto de Maastricht, que deve receber até junho 30 mil admiradores do grande legado artístico de Basquiat, que morreu aos 27 anos em 1988.

Basquiat é autor de cerca de mil pinturas e dois mil desenhos que fez em apenas dez anos. Morreu jovem por conta de uma overdose. EFE