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Editora da "Amazônia Real" espera mais visibilidade com Prêmio Rei da Espanha

31/01/2019 13h30

Rio de Janeiro, 31 jan (EFE).- A jornalista Kátia Brasil, editora executiva da agência de notícias brasileira "Amazônia Real", vencedora do Prêmio Rei da Espanha de Jornalismo ao Meio de Comunicação de Maior Destaque da Ibero-América, anunciado nesta quinta-feira, disse que o reconhecimento dará visibilidade a milhões de habitantes da Amazônia que careciam de voz.

"É um prêmio que dará repercussão as denúncias de moradores da Amazônia que, apesar de nunca terem sido ouvidas, confiaram no nosso trabalho, nos contaram as suas histórias e nos ajudaram a investigá-las", afirmou à Agência Efe a editora executiva da "Amazônia Real".

"Trabalhamos com muitas pessoas. Demos voz aos índios, aos quilombolas, aos pescadores, aos trabalhadores rurais e mulheres da Amazônia, que nunca tinham sido ouvidas. Nos deram a possibilidade de ouvirmos as histórias e fazer ecoar. Agora esse prêmio dará mais visibilidade, inclusive internacional, aos seus problemas", acrescentou Kátia Brasil.

A "Amazônia Real", com sede em Manaus, é uma iniciativa independente, sem fins lucrativos, que centra o seu trabalho nos indígenas e na proteção ambiental. A agência nasceu em outubro de 2013 por ideia de três jornalistas com muita experiência na Amazônia que perderam os seus trabalhos na época e que se propuseram a realizar um jornalismo ético e de investigação que, de acordo com a editora executiva, era preciso na Amazônia.

"Nasceu em um momento de efervescência na política brasileira e nas redações do país. Aconteceram muitas demissões e três mulheres decidimos nos juntar para dar visibilidade à Amazônia porque vimos que nos veículos de comunicação brasileiros havia muito preconceito com as pessoas da Amazônia", acrescentou ela, que segue à frente da iniciativa junto com Elaíze Farias, a editora de conteúdo.

A agência, que conta com um portal na internet onde publica reportagens e colunas de vários colaboradores e acadêmicos, nasceu como uma pequena redação montada na casa de Kátia. Só em 2015 ganhou sede própria e hoje tem profissionais no Pará, no Amazonas, no Amapá, em Mato Grosso, em Rondônia, no Acre e no Maranhão.

"Este prêmio é um reconhecimento ao trabalho de todas as pessoas que participam da nossa rede de jornalistas independentes, que acreditaram no projeto e que trabalham em várias áreas da Amazônia escutando pessoas que sempre foram ignoradas pelos grandes veículos de comunicação", afirmou a editora executiva.

"Muitos achavam que era um projeto ideológico, de difícil execução e até folclórico, mas em cinco anos conseguimos mostrar que é preciso estar na Amazônia para entendê-la e poder falar dela e conseguimos mostrar o que estava escondido", contou.

Ela afirmou que o portal administrado pela agência conta com cerca de 3 milhões de leitores em dezenas de países e que, além das colunas dos colaboradores, publica reportagens especiais e exclusivas destinadas a defender a democratização da informação, a liberdade de expressão e os direitos humanos.

"Todas as nossas reportagens são exclusivas e fruto de longas investigações. Nos caracterizamos pela independência e pela nossa decisão de não receber recursos públicos, que é a única forma de ser independente no Brasil. Vivemos das doações de nossos leitores e de algumas instituições", explicou.

O júri que deu o prêmio avaliou "a ética do trabalho, a solidez e o prestígio de um pequeno grupo de jornalistas que trabalha a informação local".

"Trata-se de um jornalismo realizado por profissionais com sensibilidade na busca de grandes histórias da Amazônia e das suas populações, especialmente daquelas que têm pouco espaço e visibilidade na chamada grande imprensa", de acordo com o júri.

O prêmio, que não envolve pagamento em dinheiro, faz parte do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha, convocado pela Agência Efe e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) e patrocinado pelo Grupo Suez. EFE