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Israelenses se despedem de escritor e pacifista Amos Oz

31/12/2018 16h22

Tel Aviv, 31 dez (EFE).- Amigos, leitores e políticos se despediram nesta segunda-feira de um dos escritores israelenses mais lidos do mundo, Amos Oz, que morreu na sexta-feira aos 79 anos em decorrência de um câncer.

"Nosso querido Amos, já faz dois dias e não sei como escolher as palavras", disse o presidente de Israel, Reuven Rivlin, diante de uma lotada sala do teatro Tzavta, onde estavam presentes familiares de Oz e inúmeros políticos, pessoas do ramo da cultura e fãs de todo o país.

O presidente, muito amigo do escritor, com quem estudou durante a infância, posou com as duas mãos sobre o caixão, vestiu um quipá preto sobre a cabeça em sinal de respeito (religioso) e disse: "Amos não ficaria zangado", sobre o laicismo do militante e pacifista escritor.

Rivlin lembrou de seu amigo como aquele menino que não jogava futebol, mas fazia visitas aos companheiros que ficavam doentes. "Como uma vez que tive gripe, veio me visitar e durante três horas me explicou a diferença entre sionismo político e sionismo místico. Três horas. E tínhamos 14 anos. Ele era muito mais maduro".

Mas também falou do homem que não tinha medo "de que o chamassem traidor", referindo-se às diversas ocasiões em que Oz entrou em conflito com instituições israelenses conservadoras.

"Ao contrário", acrescentou o presidente, "a palavra lhe parecia um título honorário".

Entre as muitas pessoas que foram dar o último adeus, estavam a chefe da oposição Tzipi Livni; o parlamentar Ayman Odeh, da Lista Árabe Unida; Ehud Barak, ex-primeiro-ministro trabalhista, e a ministra de cultura, Miri Reguev.

À cerimônia também estiveram presentes representantes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), assim como Ron Huldai, prefeito de Tel Aviv e antigo vizinho de Oz no kibutz no qual ambos cresceram, onde o escritor foi posteriormente enterrado.

O diretor do ato de homenagem e conhecido dramaturgo, Oded Kotler, leu também uma carta do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em homenagem ao escritor.

Oz era um dos escritores israelenses mais lidos no mundo, com mais de 35 romances traduzidos a 45 idiomas.

Nasceu com o nome Amos Klausner, na Palestina sob mandato britânico, em 1939, local que serviu de paisagem de muitos de seus romances e contos, como "A caixa preta".

Após o suicídio de sua mãe, quando tinha apenas 12 anos, foi viver no kibutz, onde mudou seu sobrenome para Oz, que em hebraico significa força e coragem. EFE