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Em crise, Academia Sueca perde o 5º integrante em sete meses

A teóloga e filósofa Jayne Svenungsson, que deixou a Academia Sueca - Jonas Ekströmer/TT
A teóloga e filósofa Jayne Svenungsson, que deixou a Academia Sueca Imagem: Jonas Ekströmer/TT

De Copenhague (Dinamarca)

07/11/2018 13h16

A Academia Sueca perdeu nesta quarta (7) seu quinto membro nos últimos meses após os escândalos e polêmicas que afetaram a instituição que concede o Nobel de Literatura há um ano.

A teóloga e filósofa Jayne Svenungsson, escolhida em setembro de 2017 para ocupar o assento número 9, anunciou renúncia "depois de muitas considerações", que se soma às de Lotta Lotass, Klas Östergren, Sara Stridsberg e Kerstin Ekman.

"A minha saída neste momento é devido ao fato de que eu primeiro quis garantir a sobrevivência e o futuro da Academia votando nas recentes eleições de novos membros", afirmou em comunicado Jayne, professora de Teologia na Universidade de Lund.

A Academia Sueca aprovou no mês passado a entrada de três novos membros: o catedrático Mats Malm, o jurista Eric Runesson e a escritora Jila Mossaed. Para facilitar o quórum, três acadêmicos que abandonaram a instituição temporariamente participaram da votação, entre eles os dois últimos secretários, Sara Danius e Peter Englund.

Agora, é preciso resolver a situação da poetisa Katarina Frostenson, cujo marido - fotógrafo franco-sueco Jean-Claude Arnault - é a origem do escândalo. A Academia pediu que ela renunciasse voluntariamente, mas a escritora recusou, o que desencadeou uma investigação pela quebra dos estatutos da instituição.

Foram as denúncias de 18 mulheres em um jornal sobre abusos cometidos por Arnault que suscitaram o escândalo que provocou o adiamento do Nobel de Literatura deste ano para 2019.

A Academia fez uma auditoria e concluiu que Arnault não influenciou nas decisões dos prêmios, mas o apoio financeiro recebido pelo seu clube descumpre as regras de imparcialidade pelo fato de sua esposa ser coproprietária.

Pressionada pela Fundação Nobel, a Academia Sueca fez uma série de reformas nos últimos meses, mas a decisão mais polêmica foi adiar a entrega do Nobel de Literatura, pela primeira vez em 70 anos, o que significa que dois prêmios serão entregues em 2019.

Arnault foi condenado no mês passado a dois anos de prisão pelo estupro de uma mulher em 2011 e, embora tenha recorrido da decisão, permanece em prisão preventiva por ordem do tribunal.