Rússia diz acusações holandesas sobre ciberataque são "propaganda contra"
Moscou, 4 out (EFE).- O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta quinta-feira que as acusações da Holanda de que o governo russo realizou um ciberataque contra a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) são uma "campanha de propaganda encenada contra a Rússia".
Após uma reação morna ao longo do dia, o órgão decidiu publicar no final da tarde em Moscou um comunicado afirmando que a Rússia alertou os holandeses em repetidas vezes, inclusive por meio de canais diplomáticos, que "a campanha anti-russa de espionagem lançada no país (...) causa sérios danos às relações bilaterais".
A Holanda informou hoje que expulsou em abril quatro funcionários da espionagem militar russa (GRU) quando preparavam um ataque cibernético contra a rede de internet da Opaq. Os supostos agentes teriam realizado explorações na sede da Opaq, estacionaram um carro perto do edifício e abriram o porta-malas para manipular um "equipamento de alta qualidade" destinado a piratear conexões wifi remotamente, segundo as autoridades holandesas.
A Rússia questionou por que a Holanda esperou quase seis meses para tornar pública a expulsão de quatro cidadãos russos.
"Pode parecer estranho apenas para o público leigo a 'propaganda' contra a Rússia", afirmou o Ministério russo, que destacou que a informação foi divulgada poucos dias antes da abertura da próxima sessão da Opaq, na próxima terça-feira.
Nessa reunião será abordado o financiamento do mecanismo que autorizaria à Opaq a determinar os "culpados" em casos de ataques químicos, um mecanismo que, segundo o órgão, é contrário ao direito internacional e viola as prerrogativas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
"É óbvio que o atual fluxo de informação internacional (sobre os supostos ataques russos) é outro passo para criar um ambiente político adequado para adotar esta iniciativa ilegal", acrescentou.
A Opaq investigou nos últimos meses supostos ataques químicos na Síria, principalmente na cidade de Duma, sobre os quais vários países ocidentais responsabilizam o regime sírio, que é apoiado pela Rússia no conflito.
A Rússia disse desconhecer em que a Holanda se baseia para acusá-la e como fundamenta a afirmação de que os agentes russos expulsos buscaram informação sobre a investigação da derrubada do voo MH17 da Malaysia Airlines, em julho de 2014 no leste de Ucrânia, no qual 298 pessoas morreram. A investigação internacional sobre o acidente concluiu que o avião foi derrubado por um míssil de fabricação russa, mas o governo em Moscou sempre negou e diz que a Ucrânia é a responsável.
No comunicado, a Rússia também ridicularizou as afirmações holandesas sobre as supostas tentativas dos agentes russos, ao afirmar que para averiguar dados "não é preciso estar perto do 'alvo' com meios tecnológicos".
"É curioso como, no clima de paranoia intensificado no Ocidente nos últimos anos sobre todo-poderosos 'espiões cibernéticos russos', qualquer cidadão russo com um telefone celular é percebido como um espião", ironizou Moscou.
A Rússia ainda qualificou de "estranha circunstância" que o fato de um representante britânico estar na entrevista coletiva do Ministério da Defesa da Holanda, "liderando os vários ataques absurdos contra a Rússia" e "coincidindo com as acusações do Reino Unido sobre ciberataques contra uma série de organizações, incluindo a Agência Mundial Antidoping (AMA)".
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