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Protagonista de escândalo da Academia Sueca recorre de condenação por estupro

Copenhague (Suécia)

04/10/2018 12h00

O artista francês Jean-Claude Arnault, protagonista de um escândalo sexual, estopim da crise na Academia Sueca e no Nobel de Literatura, apresentou um recurso contra sua condenação a dois anos de prisão por estupro, em um tribunal de Estocolmo.

De acordo com o jornal sueco "Aftonbladet", seu advogado, Björn Hurtig, apresentou ontem a apelação.

A decisão do tribunal, divulgada na última segunda-feira, considerou Arnault culpado de um dos dois casos de estupro dos quais era acusado, ambos cometidos em 2011 e contra a mesma mulher, mas o absolveu do outro.

Embora não haja provas físicas, o tribunal alega que as evidências apresentadas declarações da denunciante e de sete testemunhas a quem ela relatou o caso, incluindo um psiquiatra são suficientes para uma condenação.

A sentença estabelece a pena mínima à qual Arnault poderia ser condenado, em relação aos três anos que a Promotoria pedia e à pena máxima de seis anos para este tipo de crime.

Arnault, que nega as acusações, permanece em prisão preventiva desde a semana passada por ordem do tribunal.

A denunciante afirmou no julgamento que o artista, de 72 anos e marido da acadêmica e poetisa Katarina Frostenson, a obrigou a praticar sexo oral e a fazer sexo contra sua vontade em duas ocasiões, uma delas enquanto ela dormia.

A Promotoria tinha encerrado em março parte da investigação preliminar iniciada a partir das acusações de várias mulheres, após 18 supostas vítimas terem denunciado em um jornal sueco em novembro, quase todas de forma anônima, uma "personalidade cultural" muito próxima à Academia, depois identificada como Jean-Claude Arnault.

A reportagem afirmava que Arnault tinha cometido abusos em seu clube literário e em propriedades da Academia, que após o escândalo cortou relações com o artista e iniciou uma auditoria, que concluiu que ele não tinha influenciado nas decisões sobre prêmios e colaborações.

Além disso, o "caso Arnault" gerou um conflito interno que nos últimos meses provocou a renúncia de oito acadêmicos.

A Academia Sueca fez várias reformas e adiou o Nobel de Literatura deste ano, pela primeira vez em sete décadas, e por isso em 2019 serão entregues dois prêmios, medida justificada pela falta de confiança e pelo enfraquecimento da instituição.