Tesouro do século XIV de "Ali Babá Tártaro" é descoberto na Bulgária
Vladislav Punchev.
Kavarna (Bulgária), 29 ago (EFE).- Quase 900 moedas de prata, 11 de ouro, 11 aplicações e fivelas, 28 botões de prata e bronze, onze pingentes e dois anéis de ouro são alguns dos 957 objetos de um tesouro do século XIV que, encontrado em um vaso enterrado às margens do Mar Negro, abre margem a imaginar a existência de um "Ali Babá Tártaro".
Assim explicou nesta quarta-feira Boni Petrunova, diretora do Museu Histórico Nacional da Bulgária e chefe da equipe arqueológica encarregada das escavações da fortaleza medieval de Kaliakra, ao apresentar com fotografias a descoberta que "foi feita quase por acaso".
Em entrevista coletiva no local, no norte da Bulgária, Boni disse que os valiosos objetos serão mostrados ao público no ano que vem, assim que for estabelecida sua procedência exata mediante análise.
A especialista contou que sua equipe mudou de planos depois que um cidadão local a advertiu de "que tinha visto um crânio que aparecia de debaixo da terra".
"Começamos a escavar lá", no que se demonstrou que eram as ruínas de uma casa destruída por um incêndio no início do século XV, explicou a especialista.
Primeiro apareceu um ornamento em nefrita (um tipo de jade) feito na China, que por ser muito incomum na região levou os pesquisadores a supor que tinha sido um presente para algum dos últimos monarcas do Segundo Reino búlgaro, antes de ser usurpado pelo Império Otomano.
Posteriormente, os arqueólogos desenterraram o vaso que guardava o tesouro, com moedas da época dos sultões Bayezid I (1360-1402) e Murad I (1362 - 1389), assim como de Veneza, Gênova e Bizâncio, de até 23,5 quilates de ouro.
"Evidentemente são troféus militares, roubados pelos tártaros que invadiram esta região durante os primeiros anos do século XV", disse Boni, e lembrou que Kaliakra foi capturada por hordas de tártaros que devastaram amplas áreas do reino búlgaro após serem deslocadas pelos mongóis do norte.
Por volta do ano de 1404, os tártaros foram expulsos também do solo balcânico e os arqueólogos acreditam que foi nesse momento quando o desconhecido dono do tesouro o escondeu com a intenção de recuperá-lo mais tarde.
"O jarro foi enterrado debaixo do piso (da casa), mas no incêndio o teto caiu em cima do local e o sepultou durante séculos, preservando-o até hoje", explicou Boni.
Para os arqueólogos, a descoberta do tesouro é "como se tivéssemos recebido um SMS do século XIV" e agora resta estabelecer o que exatamente aconteceu naqueles tempos tão convulsos da história em torno da estratégica fortaleza medieval de Kaliakra.
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