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Bélgica terá o maior estúdio aquático de cinema da Europa

20/08/2018 06h06

Mònica Faro.

Vilvoorde (Bélgica) 20 ago (EFE).- A Bélgica terá, a partir de 2019, o maior estúdio aquático fechado de cinema da Europa, um projeto orçamentado em 23 milhões de euros (cerca de R$ 100 milhões) em construção desde maio de 2017 e que será cenário de complexas filmagens na água.

A ideia é de um cinegrafista profissional, Wim Michiels, fundador da Lites, uma empresa de aluguel de material cinematográfico e especializada em gravações submarinas que, após muitos anos decidiu embarcar neste projeto de grande complexidade técnica.

A Bélgica tem sido lembrada pelas notícias, sobretudo políticas, mas as encantadoras cidades do país, principalmente na região de Flandres, já foram cenários de diversos filmes, o que pode ser ainda mais desenvolvido nos próximos anos.

Cidades como Bruges, de "Na Mira do Chefe" (2008), com Colin Farrell e Ralph Fiennes; Gante, de "Caçadores de Obras-Primas" (2014), dirigido por George Clooney; e Bruxelas, de "Grace" (2014) e "O Quinto Poder" (2013), já foram sets para o cinema internacional, que agora poderá encontrar um novo destino em Vilvoorde, nos arredores da capital belga.

Entre o barulho e o pó dos acelerados trabalhos de construção, Michiels defendeu que "a Bélgica é um lugar ideal para fazer filmes", com consideráveis vantagens tributárias para os produtores internacionais e "um grande mercado para as produções aquáticas".

Prova disso é que cinco meses antes da inauguração - prevista para 2 de janeiro - a nova "cidade cinematográfica" já tem apalavradas 20 produções de Estados Unidos, Canadá e Europa com cenas submersas.

Para o projeto, a Lites conta com um sócio privado e o banco BNP Paribas, além de uma longa lista de projetos cinematográficos, entre eles várias séries da "BBC".

O projeto terá três estúdios, dois deles destinados a cenas aquáticas, de 1.200 e 1.700 metros quadrados. O maior tem uma piscina com nove metros de profundidade e capacidade para seis milhões de litros de água climatizada.

Naufrágios, inundações, tempestades selvagens e cenas quase sempre dramáticas, como afogamentos e batalhas navais, poderão ser rodadas nesse local.

Na grande piscina os cineastas poderão reproduzir cenas de grande complexidade técnica graças à possibilidade de instalar escorregadores com capacidade para canalizar até 18 toneladas de água e até mesmo criar ondas gigantes, algo mais difícil de ser filmado em estúdios externos, de acordo com o produtor do projeto.

"Temos a possibilidade de incluir muitos efeitos especiais neste estúdio, o que encurta o tempo de produção, barateando custos e gasto de energia", afirmou Michiels.

Sobre os riscos financeiros que um estúdio de cinema enfrenta, o cinegrafista explicou que apostou em um complexo de apenas três estúdios "mais modesto, que permitirá gravar até três filmes". No entanto, defendeu que o auge das plataformas sob demanda são, "sem dúvidas, uma grande nova oportunidade para o setor".

"Tecnicamente, será o estúdio mais avançado da Europa", garantiu Michiels, para quem o maior desafio será "garantir a segurança dos atores" que trabalharão durante muitas horas na água.

Com um preço de 36 mil euros (R$ 162 mil) para uma semana de gravação, a temperatura da água nesse estúdio estará a 30 graus Celsius, "o mínimo para que os atores possam trabalhar sem (roupas de) neoprene e sem colocarem a saúde em risco".

O set principal terá um chão removível e um teto que poderá sustentar luzes de até uma tonelada, de modo a criar no interior cenários externos, inclusive uma praia.