História do "ano secreto" de Che Guevara é contada no Cine Ceará
A história do desaparecimento misterioso do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara em dezembro de 1965, no auge da Guerra Fria, é a trama do longa "Che, Memórias de Um Ano Secreto", da diretora Margarita Hernández.
O filme-documentário foi exibido dentro da 28ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema, em Fortaleza.
Após se afastar de Cuba, Che chefia uma expedição militar do país no antigo Congo —atual República Democrática do Congo—, com o objetivo de reforçar as tropas rebeldes que combatiam o domínio belga.
Com o fracasso da missão, Che esconde-se, disfarçado e usando identidade falsa, dos agentes da CIA que queriam capturá-lo, primeiro na África —em Dar es Salaam, na Tanzânia—, aguardando que o serviço de inteligência cubano preparasse seu próximo destino.
Três ex-agentes secretos que o acompanharam nesse trajeto revelaram pela primeira vez os detalhes da operação, história revelada no longa de Margarita.
Em entrevista à agência EFE, a diretora explicou que sua ideia inicial era contar a história do dentista de Che - Luis Carlos Garcia Gutiérrez, um dos três agentes secretos -, que o ajudou a se esconder e se mascarar no período abrangido pelo filme.
"Eu não tinha nenhuma intenção de fazer um documentário sobre Che (...) Para mim parecia uma coisa meio pretensiosa, fazer algo sobre ele depois de 50 anos que ele morreu", confidenciou Margarita à EFE.
Mas ao se deparar com uma história original e ainda não levada à telona, ela foi "convencida" pelo dentista, após ir a Cuba entrevistá-lo, a realizar o documentário.
"Demorei dois anos para aceitar que ele tinha razão. Quando comecei a ver o que ele tinha feito com Che naquele momento do 'mascaramento', eu descobri essa história, que não me contaram na escola", explicou a diretora.
Conversando com os outros dois agentes, Margarita então descobriu nos relatos que Che, depois da Tanzânia, ficou escondido em Praga, capital da República Tcheca; passou por Cuba, antes de finalmente ir para a Bolívia, onde foi morto.
Após sete anos de trabalho, Margarita trouxe para o cinema a narrativa, que vai percorrer outros festivais pelo mundo.
Dando continuidade ao Cine Ceará, em destaque a produção brasileira "Anjos de Ipanema", de Conceição Senna, que vai abrir a Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem na noite desta quinta-feira (9).
O documentário faz sua estreia mundial no festival e conta a história do Píer de Ipanema, ícone da contracultura e do surfe no Rio de Janeiro dos anos 70.
Também nesta quinta-feira, "Senhorita Maria, a Saia da Montanha", de Rubén Mendoza, premiado nos festivais de Cartagena (direção), Locarno (Prêmio Zonta Club Semana da Crítica) e Amiens (melhor documentário).
Os vencedores das duas mostras competitivas do Cine Ceará - nas quais estão sendo exibidas mais de 90 obras, entre curtas e longas —receberão o troféu Mucuripe.
Os longas serão premiados nas categorias melhor filme, direção, fotografia, montagem, roteiro, som, trilha sonora original, direção de arte, ator e atriz.
Entre os curtas, concorrem ao troféu os escolhidos pelo júri nas categorias de melhor curta-metragem, direção, roteiro e produção cearense.
O Cine Ceará acontece até este sábado, dia 11, quando será realizada a premiação e cerimônia de encerramento.
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