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Diretor-executivo da CBS é acusado de abuso sexual por seis mulheres

O executivo de TV Leslie Moonves - Lucas Jackson - 7.mai.2012/Reuters
O executivo de TV Leslie Moonves Imagem: Lucas Jackson - 7.mai.2012/Reuters

De Nova York

27/07/2018 22h32

Seis mulheres, entre elas uma atriz e uma escritora, que tiveram vínculos profissionais com o diretor-executivo da emissora CBS, Leslie Moonves, afirmaram que ele abusou sexualmente delas há mais de duas décadas. As denúncias foram reveladas nesta sexta-feira (27) pela revista "The New Yorker".

Quatro delas disseram que, durante reuniões de trabalho, Moonves as beijou e acariciou de uma forma não desejada, uma prática que parecia ser habitual, segundo o jornalista Ronan Farrow, que denunciou os abusos do produtor americano Harver Weinstein.

Outras duas afirmaram que Moonves, 68, as intimidou fisicamente ou ameaçou destruir suas carreiras.

O artigo afirma ainda que o executivo, chamado pelo "The Wall Street Journal" recentemente de "mago da programação televisiva", tornou-se distante ou hostil depois de elas rejeitarem seus avanços sexuais. Elas também temeram que suas carreiras fossem afetadas como resultado da situação.

"O que ocorreu comigo foi uma agressão sexual e então fui demitida por não corresponder", afirmou na reportagem a atriz e escritora Illeana Douglas, que conheceu Moonves em 1996, quando ele ainda era presidente do departamento de entretenimento da CBS.

Em um momento de crise em seu relacionamento com o diretor Martin Scorcese, com quem viveu por vários anos, Illeana disse que Moonves a interrompeu em uma reunião para perguntar se ela estava solteira. "Não sabia o que dizer nesse ponto", lembrou ela.

A escritora continuou falando sobre o roteiro que os dois discutiam. O diretor a interrompeu novamente para perguntar se ele podia beijá-la. "Será só entre eu e você", teria dito Moonves. Foi quando o executivo a agarrou e a beijou de forma violenta. Quando tentou sair da sala, Illeana foi bloqueada por Moonves, que a colocou contra a parede, fazendo ameaças. "Vamos manter isso entre você e eu, correto?", questionou.

A reportagem afirma que as mulheres ainda têm medo de que suas denúncias possam gerar represálias de Moonves, "conhecido por sua habilidade de criar e destruir carreiras".

Apoiador do movimento MeToo

O diretor-executivo da CBS se tornou uma das vozes favoráveis ao movimento MeToo ("Eu também"), surgido por causa das denúncias de assédio sexual contra Weinstein.

Em dezembro, Moonves ajudou a fundar a Comissão para a Eliminação do Assédio Sexual e para o Avanço da Igualdade no Trabalho, um órgão criado por instituições e personalidades do mundo do entretenimento após a série de acusações que abalaram Hollywood.

A "The New Yorker" ainda afirma que outros 30 funcionários e ex-funcionários da CBS suspeitam que a conduta do executivo se estendeu a outras áreas da empresa.

Moonves afirmou à revista que promoveu "a cultura do respeito e das oportunidades para todos os funcionários" em seus anos na CBS. E destacou que, de forma consistente, teve sucesso promovendo mulheres para postos da direção da companhia.

"Reconheço que houve ocasiões há décadas quando pude ter feito avanços incômodos sobre algumas mulheres. Foram erros que lamento imensamente. Sempre entendi que 'não' é 'não'", indicou Moovens, que ainda afirma que nunca usou sua posição para prejudicar ou interromper qualquer carreira.

A direção da CBS anunciou que investigará as denúncias sobre a suposta má conduta sexual do diretor-executivo da emissora.