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Sardinha, de comida simples a símbolo da moda em Lisboa

22/07/2018 10h04

Mar Marín.

Lisboa, 22 jul (EFE).- Grande ou pequena; de cerâmica, metal ou cortiça; simples ou enlatada... a sardinha se tornou, nos últimos anos, um símbolo de Lisboa e virou moda, seja para degustar ou para comercializar.

Considerada comida dos menos favorecidos, a sardinha - como o atum e a cavala - era alimento básico em um país com 950 quilômetros de litoral, especialmente em cidades como Lisboa, onde era, e ainda é, tradição comer esse peixe assado durante as festas de Santo Antônio, o padroeiro.

Há 15 anos, a sardinha passou a ser também um símbolo de Lisboa e tirou o posto do famoso "Galo de Barcelos".

As primeiras sardinhas artísticas surgiram no século XIX e foram criadas por Raphael Bordallo Pinheiro (1846-1905), mas só ficaram famosas mesmo em 2003, quando aconteceu um concurso na cidade e elas começaram a se popularizar até se tornarem um ícone da cultura e da gastronomia portuguesa.

Milhares de propostas concorrem anualmente neste peculiar concurso que exalta a imaginação, a originalidade e a audácia na hora de desenhar ou fabricar uma sardinha, com a única condição de que seja reconhecível e não confundida com outro peixe.

Tem sardinha feita por artistas consagrados; algumas homenageiam nomes do fado; tem sardinha no estilo pop art, história em quadrinhos e sardinha para comer.

A coleção de Bordallo tem mais de 60 itens atualizados periodicamente e podem ser comprados pela internet, em valores que variam de 20 a 50 euros (entre R$ 80 e 200, aproximadamente). Uma tentação para qualquer colecionador.

Mas também existem preços mais acessíveis e, a partir de 5 euros (R$ 20), você pode adquirir uma em das várias lojas espalhadas pelo centro histórico de Lisboa ou, mais especificamente, em "O Mundo Fantástico Da Sardinha Portuguesa", uma loja temática bem na Praça Dom Pedro IV.

Milhares de latas de sardinhas decoram as paredes deste icônico espaço que recria um ambiente de circo e onde é possível repassar a história do século XX através das latas, que apresentam os maiores eventos ocorridos entre 1916 e 2017, das guerras ao nascimento de estrelas de Hollywood.

É possível achar souvenir de sardinhas em livraria, bar, quiosque, loja... Elas existem em formato de bolsa, pano de prato, almofada, chaveiro, tapete, louça, ímã, abridor de garrafa. É impossível não esbarrar com uma sardinha portuguesa.

Para quem, além de ver, quiser comer, existe a conserva, o patê e até o mousse de sardinha, que também pode se transformar em peça de arte, com caixas com design vintage, que dá pena abrir. Mas o melhor é, sem dúvida, saborear um exemplar dessa iguaria e, se possível, em dúzias.

"Uma sardinha, uma só, é todo o mar, apesar de eu recomendar ao leitor que não coma nunca menos do que uma dúzia; mas veja como come, onde come e com quem come", aconselhava o escritor Julio Camba.