Mulher de Polanski rejeita ser membro da Academia após expulsão do marido
A atriz francesa Emmanuelle Seigner rejeitou a proposta feita pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para se tornar membro, proposta que tachou de "hipócrita" apenas dois meses depois da expulsão de seu marido, o diretor Roman Polanski.
"Esta proposta é a gota que preenche o copo da minha relativa discrição", denuncia Seigner em um artigo publicado neste domingo pelo "Le Journal du Dimanche".
A Academia de Hollywood, que afirma que com o convite à atriz dá espaço a mais mulheres, o que a ela soa bem, há algumas semanas "expulsou meu marido, Roman Polanski", assegura.
Seigner fazia assim alusão à polêmica pelo controverso caso do suposto abuso e estupro de uma menor de 13 anos que já se arrasta há mais de quatro décadas e por outras acusações de agressões sexuais a mulheres.
A artista reiterou que a mesma Academia que o expulsou, o premiou pelo filme "O Pianista" com o Oscar ao melhor diretor em 2003. "Curiosa amnésia!", ressalta.
"Me insultam quando dizem que pretendem proteger as mulheres", escreve Seigner, esposa de Polanski desde 1989 e mãe de seus filhos, que disse que não vai mais se calar.
Primeiro porque "foi sempre um pai de família e um marido excepcional", e, além disso, porque ela mais que do ninguém sabe o quanto Polanski "lamenta" o que aconteceu em 1977 com a atriz Samantha Geimer, então menor.
Na época, Polanski ficou detido por 42 dias na Califórnia e dois meses na Suíça em 2009, em virtude de um mandato de detenção dos Estados Unidos, que segue lhe considerando um fugitivo.
Mas também porque afirma que a imprensa publicou "mentiras" e "testemunhos falsos" de mulheres que dizem que foram assediadas, "mas não denunciam".
"Tenho a impressão de que, desde os nazis na infância até estes últimos anos, Roman foi condenado a fugir de forma perpétua sem a menor vontade".
Seigner recordou que Polanski criou "personagens femininas inesquecíveis" que foram interpretadas por atrizes como Sharon Tate, Catherine Deneuve, Mia Farrow, Faye Dunaway, Nastassja Kinski e Sigourney Weaver.
"É uma hipocrisia insuportável".
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