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Comissão investigadora pede exemplos do declive da imprensa no Reino Unido

29/06/2018 09h43

Londres, 29 jun (EFE).- Uma comissão investigadora patrocinada pelo Governo do Reino Unido abriu um período de consulta para coletar testemunhos sobre o suposto declive "da imprensa escrita de qualidade" no país, por causa da concorrência da internet.

A comissão, presidida pela jornalista e escritora Frances Cairncross e que publicará um relatório em 2019, dá prazo até o dia 7 de setembro para que jornalistas, anunciantes, grupos de mídia e outras partes interessadas apresentem sua opinião, segundo explica o Governo em seu site.

A primeira-ministra, a conservadora Theresa May, anunciou em fevereiro a criação desta comissão para avaliar se o Governo pode contribuir para conter a migração para a internet dos anúncios publicitários, que provocou o fechamento de muitos jornais, sobretudo em nível local.

May destacou então que uma imprensa de qualidade "é imprescindível para o bom funcionamento da democracia".

O painel de investigadores analisará, entre outras coisas, a ascensão na internet das notícias de baixa qualidade que atuam como iscas para atrair visitas e o modo operacional dos anunciantes digitais, para comprovar se são os autores do conteúdo que se beneficiam ou só as plataformas digitais.

Segundo os dados divulgados até agora pela Comissão Cairncross, mais de 300 empresas locais e regionais fecharam neste país desde 2007, enquanto caiu em 25%, para 17 mil em 2017, o número de repórteres.

O faturamento por circulação e por anúncio na imprensa escrita caiu em mais da metade na último década, de 7 bilhões para 3 bilhões de libras.

No entanto, apesar do seu declive, os jornais continuam sendo a principal fonte de conteúdo noticioso neste país, com 50% do total, mais que a combinação do procedente dos veículos de imprensa digitais e audiovisuais, segundo a comissão.

"Esta investigação não é feita para preservar o 'status quo', mas para buscar maneiras de assegurar que os clientes de dentro de dez anos tenham acesso a um jornalismo de qualidade que se ajuste às suas necessidades, no formato que preferirem e que apoie o envolvimento democrático", explicou Cairncross no comunicado.

O ministro para Meios de comunicação, Cultura e Esportes, Matt Hancock, afirmou que "em uma época de mudança tecnológica e com as instituições sob ameaça de desinformação, é preciso uma visão clara de como o jornalismo de qualidade pode continuar sendo produzido, distribuído e consumido de maneira efetiva".