Mulheres tomam tapete vermelho de Cannes para reivindicar igualdade
Cannes (França), 12 mai (EFE).- O poder feminino tomou neste sábado o tapete vermelho de Cannes com um ato reivindicativo no qual 82 mulheres do mundo cinema - como Jane Fonda, Claudia Cardinale, Salma Hayek, Marion Cotillard, Kirsten Stewart, e Cate Blanchett - representaram as cineastas que já concorreram no festival.
Blanchett, que preside neste ano o júri da competição oficial de Cannes, e a veterana cineasta francesa Agnès Varda leram um manifesto no qual exigiram "igualdade e diversidade real nos postos de trabalho".
"Queremos trabalhar mano a mano com nossos colegas masculinos e assumir responsabilidades para criar em frente e atrás da câmera imagens que permitam uma tomada de consciência", afirmaram Blanchett em inglês e Varda em francês.
"As mulheres não são uma minoria no mundo e, no entanto, o estado atual da nossa indústria diz o contrário. Queremos que isso mude", acrescentaram.
Por isso e após mostrar sua "solidariedade com as mulheres" de todos os setores, pediram às instituições que trabalhem ativamente para conseguir a paridade e a transparência nas decisões e na seleção de pessoal, e aos governos que apliquem as leis sobre igualdade salarial.
"Como mulheres enfrentamos desafios únicos, mas hoje estamos juntas nestas escadas como símbolo da nossa determinação e compromisso com o progresso", disse Blanchett, que completou: "É o momento para que todos os degraus da nossa indústria nos sejam acessíveis".
A leitura terminou com um ato que contou também com Patty Jenkins, Julie Gayet, Léa Seydoux, Virginie Ledoyen, Ava DuVernay, Alice Rohrwacher, Cristina Gallego, Clémence Poésy, Clotilde Courau e a brasileira Beatriz Seigner.
No total 82 personalidades do mundo do cinema, tanto produtoras e atrizes como técnicas, roteiristas, distribuidoras ou agentes, representavam as 82 diretoras cujos filmes competiram nas 71 edições do Festival de Cannes.
Um número ridículo se comparado com o de 1.688 diretores que concorreram em Cannes durante estes anos, segundo os dados citados por Blanchett.
Além disso, na história do festival houve só 12 mulheres presidentes dos seus júris e a Palma de Ouro foi vencida apenas pela neozelandesa Jane Campion por "O piano", enquanto Agnes Varda recebeu uma de honra.
"Estes fatos são claros e inegáveis", ressaltou a atriz australiana do alto das escadas que dão entrada ao Grand Théàtre Lumière, onde acontecem as sessões de gala do festival.
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