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Chile brilha no Platino com nova vitória para "Uma Mulher Fantástica"

30/04/2018 06h16

Eduard Ribas Admetlla.

Playa de Carmen (México), 29 abr (EFE).- O Chile foi o país protagonista da V edição dos Prêmios Platino do cinema ibero-americano, no qual "Uma Mulher Fantástica" levou as estatuetas de melhor diretor, atriz e ator para o país.

"Uma Mulher Fantástica", um grito contra os preconceitos da sociedade contra as pessoas transexuais, era favorito com nove indicações, das quais ganhou cinco prêmios na cerimônia realizada no Teatro Gran Tlachco do Parque ecoturístico Xcaret, na Riviera Maya, México.

O filme tinha sido premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro, por isso que não surpreendeu que levasse o Platino de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor roteiro e melhor montagem.

Só o argentino "Zama", que aspirava a oito prêmios, conseguiu chegar perto, ficando com a maioria dos prêmios técnicos: melhor direção de arte, melhor direção de fotografia e melhor direção de som.

O diretor de "Uma Mulher Fantástica", o chileno Sebastián Lelio, foi escolhido melhor diretor, disputando com os espanhóis Isabel Coixet e Álex de la Iglesia, o cubano Fernando Pérez e a argentina Lucrecia Martel.

Este prêmio não foi uma experiência nova para o chileno, visto que em 2014 já tinha ganhado a estatueta de melhor direção com seu filme "Gloria".

A famosa atriz chilena Daniela Vega, indiscutível protagonista da festa por sua reivindicação a favor dos direitos das mulheres, acumulou com o Platino um novo prêmio pela sua interpretação em "Uma Mulher Fantástica".

"Peço um aplauso às mulheres ibero-americanas que estão nos vendo para que saibam que não estão sozinhas. Lutaremos no cinema para a igualdade", disse a atriz ao apresentar os prêmios de melhor ator e atriz de série de televisão, provocando um sonoro aplauso.

O único grande prêmio que não levou o filme chileno foi o de melhor ator, embora este tenha ido para as mãos de um ator chileno, Alfredo Castro, pelo seu trabalho em "Los Perros", embora não tenha podido estar na festa.

A Espanha também teve um lugar de destaque na cerimônia com os prêmios de melhor estreia, melhor filme documentário, melhor animação, melhor série de televisão e melhor atriz de série de televisão.

O filme catalão "Verão 1997", de Clara Simón, cumpriu as expectativas como favorito ao ganhar como melhor estreia, igual à atriz Blanca Suárez, premiada pela sua interpretação na popular série "As Telefonistas".

O filme espanhol "Muitos Filhos, um Macaco e um Castelo", dirigido por Gustavo Salmerón, venceu como melhor documentário, enquanto "O Ministério do Tempo" levou o prêmio de melhor série de televisão.

"Tadeo Jones 2. O Segredo do Rei Midas" venceu o Platino de melhor filme de animação.

Além disso, o filme basco "Handia", ganhador de 10 prêmios Goya, ganhou o Platino de prêmio ao cinema e à educação em valores.

A Argentina completou o elenco de premiados com a melhor interpretação masculina em série de televisão, que foi para Julio Chávez por "O Mestre", e a melhor trilha sonora por "A Cordilheira".

Um dos momentos mais intensos da festa foi protagonizado pela famosa atriz mexicana Adriana Barraza, que após receber o Platino de Honra 2018 citou palavras emocionadas sobre os três estudantes de cinema mexicano assassinados recentemente pelo crime organizado.

"Como ser humano lamento profundamente que todos nós tenhamos perdido a possibilidade de ver um filme deles", disse a atriz, que dedicou parte da sua vida a formar cineastas.

Os momentos de mensagens da festa também vieram da própria organização que decidiu entregar conjuntamente os prêmios de melhor ator e atriz para "pedir a igualdade entre homens e mulheres", explicou o apresentador, Eugenio Derbez.

Um "Lula livre!" foi citado pela brasileira Renata Pinheiro, ganhadora do Platino de melhor direção de arte por "Zama", que exigiu entre aplausos a liberdade do ex-presidente brasileiro.

Também houve alegações pela diversidade do mundo ibero-americano, como o que fez Javier Olivares, roteirista de "O Ministério do Tempo": "Foi falado aqui catalão, basco, espanhol e português. Que nunca percamos esta diversidade".