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"Beijando um ou seis, as mulheres devem ser respeitadas", entende Anitta

Anitta e o parceiro musical  J Balvin - Divulgação
Anitta e o parceiro musical J Balvin Imagem: Divulgação

Alicia Civita

De Miami (EUA)

06/03/2018 20h04

Em tempos de debates cada vez mais abertos sobre empoderamento feminino, promovidos entre outros pelo movimento #MeToo, a cantora Annita defendeu que canta o que lhe dá prazer.

"Eu só canto o que sinto e gosto de fazer. Se me sinto romântica, expresso, se me sinto sexy, também. A minha meta com a música é fazer com que nos respeitem como quisermos ser. Sensuais ou não, beijando um ou beijando seis", declarou a artista em entrevista à agência Efe.

Para ela, que na música "Downtown", com J.Balvin, insinua o prazer no sexo oral feminino, a forma como artistas mulheres estão respondendo ao machismo nas letras é demonstrando que elas também podem e não permitindo se vitimizar.

O parceiro dela no hit, que tem quase 170 milhões de visualizações no Youtube, defendeu que o público feminino é o responsável pela mudança nas letras.



"As únicas responsáveis pela mudança são as elas próprias. Não podemos deixar para os homens o empoderamento das mulheres. Depende delas demonstrem de que são feitas", disse o colombiano.

O debate sobre letras hiper machistas na música não é novo. Nos Estados Unidos, esse tipo de conteúdo fez com que o Congresso legislasse sobre a necessidade de acrescentar etiquetas com alertas sobre o conteúdo das canções aos CDs para que mães e pais ficassem atentos.

Os artistas do reggaeton reduziram a temática extremamente sexual e agressiva das músicas para se tornarem mais atraentes a todo tipo de público e a estratégia funcionou. Hoje, é um dos gêneros mais bem-sucedidos e com fãs pelo mundo.

Mas nem todos pensam assim. O cantor venezuelano Miguel Ignacio Mendoza, mais conhecido como Nacho, argumentou que não são necessariamente só os homens que escutam as canções mais explícitas.

"Se você for ver vídeos no Instagram e no Snapchat, as que mais cantam e fazem covers e coreografias dessas letras mais explícitas são as mulheres, em particular as mais jovens. Se querem que deixem de ser feitas canções mais agressivas com as mulheres, talvez as mães dessas meninas devessem ter conversas com elas e reforçar lições sobre valores", destacou.

A opinião é a mesma que a de Bad Bunny, um dos principais expoentes do gênero. Recentemente, em entrevista a um programa de rádio em Miami, nos Estados Unidos, ele repetiu o que cantores como Nicky Jam e Daddy Yankee disseram no passado sobre o assunto.

"Eu não estou aqui para educar as crianças. Isso é responsabilidade dos pais", ressaltou.